APOIAMOS A FRENTE PARLAMENTAR CONTRA O BULLYING E OUTRAS FORMAS DE VIOLÊNCIAS
As Escolas não estão levando a sério essa questão. A ASPA levará. Precisamos quantificar, mapear as escolas com maior incidência de bullying no DF. Tomaremos medidas judiciais, se necessário for, para coibir e banir essas prática nefasta de violência. Esse é um compromisso assumido pela ASPA-DF.
DENUNCIE OS CASOS DE BULLYING À ASPA PELO TELEFONE: 9911-ASPA. ou E-mail: aspadf11@gmail.com.
DF é campeão em humilhação nas escolasPesquisa do IBGE revela que a capital federal é a campeã de casos de bullying no país. Os meninos são os alvos preferenciais dos agressores, mas as garotas também sofrem com o problema, que acontece nas instituições das redes privada e pública
Publicação: 20/06/2010 08:24 Atualização: 20/06/2010 18:24
Começa o horário do intervalo em uma escola de ensino fundamental de Santa Maria. Gritaria, corre-corre, grupinhos de meninas de um lado e de meninos do outro. Um olhar mais atento, porém, aponta para um garoto do 6º ano rodeado de alunos mais velhos, todos do 9º e último ano do colégio. Eles o erguem pelos pés, mãos e braços e passeiam, rindo, pelo pátio. Só largam o menino de 11 anos depois da intervenção de uma funcionária. A criança, visivelmente sem graça, olha com vergonha ao redor e tenta se recompor. Reclama em voz baixa e dá a entender que a humilhação virou rotina.
A exposição sofrida pelo estudante brasiliense tem nome: bullying. E o Distrito Federal lidera, no Brasil, esse tipo de abuso repetitivo, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os envolvidos na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar ouviram em 2009 alunos das redes privada e pública de 6.780 instituições de ensino das 27 capitais da Federação. Todos do 9º ano do ensino fundamental. Do universo candango, 35,6% dos entrevistados admitiram sofrer ridicularizações no ambiente escolar (leia arte). Belo Horizonte e Curitiba aparecem em seguida.
Para realizar o estudo, o IBGE pediu que meninos e
A exposição sofrida pelo estudante brasiliense tem nome: bullying. E o Distrito Federal lidera, no Brasil, esse tipo de abuso repetitivo, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os envolvidos na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar ouviram em 2009 alunos das redes privada e pública de 6.780 instituições de ensino das 27 capitais da Federação. Todos do 9º ano do ensino fundamental. Do universo candango, 35,6% dos entrevistados admitiram sofrer ridicularizações no ambiente escolar (leia arte). Belo Horizonte e Curitiba aparecem em seguida.
Para realizar o estudo, o IBGE pediu que meninos e
O garoto de 11 anos matriculado no ensino fundamental público de Santa Maria está entre os que experimentam com frequência o assédio. Na última quinta-feira, a brincadeira de mau gosto testemunhada pelo Correio se revelou como mais uma entre as mais variadas formas de humilhá-lo diante dos demais. Os responsáveis pela agressão são sempre os mais velhos. “Todo dia isso acontece. Penso às vezes em não vir mais para a aula. É muito chato. A gente reclama, mas não muda nada”, lamenta o menino franzino.
Assim como ele, muitos alunos do 6º ano, a antiga 5ª série, aparecem como alvos preferidos das turmas mais avançadas. Os mais novos não escapam das gozações. A reportagem conversou com pelo menos 10 deles. Todos tinham alguma história desagradável para contar. “A 5ª série sofre. Eles sempre jogam a gente na lata do lixo ou ficam dando totozinhos (rasteiras). A gente se sente humilhado”, afirma um estudante de 12 anos. Outro colega de 11 anos caiu de cabeça no chão depois de derrubado. “Eu bati a cabeça e acabei indo para a diretoria. Foi muito ruim. Até pedi para a minha mãe me mudar de escola”, explica.
Inferiorizado
A pesquisa também mediu o bullying por tipo de escola e por sexo. Quase 40% dos alunos candangos vítimas dos abusos no ano passado eram de instituições particulares. E 34,6%, matriculados na rede pública de ensino. Ao conversar com garotos do 9º ano do ensino fundamental de um colégio privado da Asa Norte, o Correio descobriu diferenças em relação às humilhações praticadas no centro de ensino de Santa Maria. Ficou evidente que as brincadeiras de mau gosto dificilmente vão além de ameaças e do assédio psicológico. Agressões físicas são raras. Pelo menos dos portões para dentro.
No caso do grupo de cinco meninas e dois meninos ouvidos pela reportagem, todos reclamaram de dois colegas de mesma idade e da própria turma. O alvo deles são normalmente os mais diferentes física ou culturalmente. “Eles sempre dão um jeito de debochar de alguém. Talvez porque ‘se achem’ só porque moram em um bairro melhor do que os dos outros. Ou incomodam uma menina porque ela tem olhos puxados ou uma outra que é bastante tímida. Às vezes, isso magoa. E a gente, para não criar confusão, acaba ficando quieta”, conta uma estudante de 14 anos.
Um garoto da mesma idade reagiu mal a uma das provocações dos dois colegas. Fez uma pergunta durante a aula e acabou alvo de chacotas de um deles. “Me senti humilhado, inferiorizado. Isso acaba inibindo a gente”, revela. Em outra ocasião, mais uma intervenção da dupla fez com que a professora de inglês suspendesse a exibição de um vídeo passado em sala de aula. “Ela (a professora) criticou o gesto deles e toda a turma acabou punida”, reclama outra aluna. Duas jovens do ensino médio também disseram que são comuns as provocações contra fãs de mangá, histórias em quadrinho feitas com estilo japonês.
Vaidade
As estudantes candangas sofrem menos agressões e humilhações do que os meninos. Segundo os dados levantados pelo IBGE, 31% delas reconheceram sofrer o assédio no ambiente escolar — 26,7% raramente ou às vezes e 4,3% quase sempre ou sempre. Já 41,3% dos garotos entrevistados se viram vítimas de bullying. Ao contrário deles, elas raramente partem para a agressão física. As humilhações ocorrem com mais frequência por questões de vaidade, que envolvem roupas, cabelo e maquiagem, e também por ciúmes.
Duas colegas de turma do 7º ano do ensino fundamental de uma escola pública do DF ouvidas pela reportagem reclamaram das ameaças diárias praticadas pelas alunas mais velhas. “Elas ficam falando mal do nosso cabelo ou não nos deixam chegar perto dos meninos mais velhos. Às vezes, até partem para a agressão”, revela uma delas, de 12 anos. A outra garota diz que o segredo é não dar muita atenção às brincadeiras de mau gosto. “O melhor é não dar bola. Se a gente se mostra incomodada, a coisa piora e aí, sim, elas não largam do pé”, ensinou a garota, também de 12 anos.
Depoimento
Sofrimento frequente
“Nós sofremos nas mãos deles. O povo da 8ª série fica dando totozinho, dá cascudo, joga casca de mexerica nos outros. Muitas vezes, eu não venho à aula por causa disso. É ruim, muito ruim. Hoje, os meninos da 8ª série pegaram no pé de um garoto menor e o levantaram. Direto, eles nos jogam no lixo. Já me senti humilhado porque fica todo mundo rindo. Eles batem porque a gente é pequeno. E não adianta reclamar com os professores. Muitos deles não acreditam. Acho que quando a gente crescer e ficar mais velho, não vamos fazer esse tipo de coisa.”
» Estudante do 5º ano, de 11 anos, de uma escola pública de Santa Maria
Flávia Maria Barbosa, chefe do Núcleo de Monitoramento Pedagógico da DRE de Santa Maria, explica que o problema exige ações constantes |
EDUCAÇÃO
Combate ao bullying na pauta
Governo do DF e sindicato das escolas particulares desenvolvem ações para acabar com as ofensas e agressões nos colégios da capital
Guilherme Goulart
O combate ao bullying no Distrito Federal é feito dentro da sala de aula. Iniciativas das redes de ensino pública e particular candangas revelam que não existem tabus nos debates e ações promovidos para debelar o problema. A Secretaria de Educação do DF, por exemplo, criou conselhos de segurança nas escolas públicas como estratégia para identificar e minimizar as mais diferentes formas de violência praticadas no ambiente escolar. Entre elas, as humilhações e provocações praticadas entre crianças e adolescentes.
Esses conselhos contam com a participação de diretores, professores, orientadores educacionais, pais e estudantes. Em 305 das 600 instituições públicas na capital do país, os grupos já foram instalados. “Os conflitos existem nas escolas. É objetivo dos conselhos fazer a mediação deles e discutir estratégias. Uma das atribuições é justamente identificar o bullying, uma violência que ocorre entre iguais. Ou seja, de aluno para aluno”, explica a subsecretária da Educação Integral da Secretaria de Educação do DF, Ivanna Sant’Ana Torres.
Reuniões, debates e palestras sobre o tema ocorrem com frequência nos colégios em que os conselhos estão em funcionamento. O trabalho dos grupos também se faz em parceria com outros agentes públicos, como a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Secretaria de Saúde do DF. “Esse tipo de problema deve ser trabalhado em casa e na sala de aula. Por conta disso, acho que não somos a capital brasileira do bullying, como diz a pesquisa do IBGE. Talvez sejamos a unidade da Federação que mais discute o assunto e, assim, conhecemos mais o termo”, avalia Ivanna.
O Centro de Educação Infantil (CEI) 210 de Santa Maria aparece como uma das instituições públicas do Distrito Federal com o conselho de segurança estruturado. As reuniões do grupo ocorrem às quartas-feiras à noite, nas dependências do próprio colégio. “A diretoria, os professores e os orientadores educacionais trabalham diretamente com os pais os problemas dos filhos, como dificuldades na fala, sexualidade e limites. Mas também combatemos o bullying, que existe na educação infantil”, explica a diretora do CEI 210, Lidi Ane Oliveira Nascimento.
Um dos casos recentemente discutidos e trabalhados pela escola é o de um menino de 4 anos. O garoto tinha dificuldades em conviver com negros, além de evitar objetos de cor preta. A orientadora educacional Ione Patrícia Ferreira ajudou a contornar a situação a partir do desenvolvimento de várias atividades. Segundo os professores e os diretores, a intervenção e a mudança de comportamento da criança ocorreram antes mesmo de os colegas negros se sentirem rejeitados ou excluídos. O resultado foi percebido em uma festinha, na qual o garoto dançou com uma professora que pintou o rosto com tinta preta.
Em Santa Maria, a Diretoria Regional de Ensino (DRE) prevê palestras sobre o bullying em todos os colégios da cidade. Mas também admite dificuldades nas unidades que abrigam muitos alunos, como é o caso da escola de ensino fundamental onde os alunos do 6º ano se tornaram alvos dos mais velhos. “O bullying exige intervenções constantes. E o trabalho de prevenção precisa ser desenvolvido desde a educação infantil, e sempre dando atenção aos pais”, afirma a chefe do Núcleo de Monitoramento Pedagógico da DRE de Santa Maria, Flávia Maria Barbosa.
Especialistas e educadores concordam que pais e professores devem ficar atentos aos primeiros sinais de bullying. Desculpas para faltar às aulas, pouca motivação nos estudos e pedidos repentinos de mudança de sala podem revelar o problema (leia arte). Segundo Flávia Barbosa, quem sofre e quem pratica as brincadeiras abusivas e repetitivas têm perfis parecidos. “As vítimas são normalmente os mais tímidos e mais pacientes. Os que praticam têm perfil de liderança, às vezes são mais fortes do que os demais”, descreve.
Para a socióloga Miriam Abramovay, o bullying é mais um dos fenômenos graves que ocorrem nas escolas do Brasil. Enquanto o termo virou conceito por conta de um estudo realizado na Noruega, no Brasil, explica a especialista, as relações de conflito ultrapassam as agressões verbais e ameaças. “Classificamos três tipos de violência nos ambientes escolares brasileiros. Vão desde aquelas previstas no Código Penal até as que ocorrem no cotidiano, como um bate-boca, a pichação e o racismo”, detalha a coordenadora de pesquisa da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla).
As dificuldades da vida escolar do país são descritas no livro Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas, publicado pela própria Ritla em 2009. Além de Miriam, assinam a publicação Anna Lúcia Cunha e Priscila Pinto Calaf. “Esses conflitos são problemas sociais e não individuais. O que temos de entender é que eles prejudicam a qualidade do ensino. É preciso adotar políticas públicas para solucionar essa problemática”, defende a socióloga, que estuda o assunto há cerca de 10 anos.
Denúncias
O bullying no DF também recebe atenção das escolas privadas. O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) faz treinamento e capacitação de educadores há oito anos. A entidade também organiza palestras. Foram quatro no ano passado em centros de ensino localizados fora do Plano Piloto. “Estamos extremamente atentos. Não fazemos de conta que o tema não existe. As crianças devem ter informação até para poder denunciar”, alerta a presidente do Sinepe-DF, Amábile Pácios.
O incentivo às denúncias aparece no site do sindicato, responsável pela publicação de dois livros sobre o assunto. Na página inicial, há um cartaz da campanha do Disque 100, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Os atendentes recebem a comunicação de casos de violência contra crianças e adolescentes, como agressões físicas, verbais, psicológicas e morais e os repassam para os representantes do MP e do Conselho Tutelar da região. Não é preciso se identificar.
Caso de polícia
No mês passado, uma adolescente de 12 anos registrou ocorrência na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) por estar sofrendo bullying no Centro de Ensino Fundamental 24, em Ceilândia. Ela recebeu um apelido pejorativo dos colegas e a situação ficou fora de controle, chegando até a comunidade. Na época, a escola orientou a jovem a registrar o caso na polícia. Segundo o delegado Francisco Antônio da Silva, a ocorrência é curiosa por ser o primeiro caso nesse sentido apurado pela DCA.
Nesse mesmo centro de ensino de Ceilândia, localizado na QNQ 3, foi registrado neste ano outro caso de bullying. De acordo com o supervisor pedagógico do colégio, João Batista de Oliveira, trata-se de cyberbullying. “Tivemos problemas entre alunas que se ameaçavam e se xingavam nas redes sociais”, explica. O supervisor disse que a questão foi resolvida após uma conversa entre as meninas. “Agora, uma das envolvidas até está participando dos programas de conscientização”, comemora.
Peça de teatro
João de Oliveira lembra que, no ano passado, a escola promoveu uma série de palestras e atividades voltadas para o combate à prática de bullying e cyberbullying. “Recebemos o programa Superação Jovem, da Fundação Ayrton Senna, que propõe que seja trabalhado o protagonismo juvenil. Vieram vários projetos e, entre as propostas, surgiu a discussão do bullying.”
Pesquisas com professores, alunos e servidores foram feitas antes de o programa ser realmente produzido. “Os alunos prepararam uma peça de teatro. Na época, a situação ficou resolvida. Mas este ano já tivemos dois casos”, lamenta. Depois do cyberbullying e do caso que foi parar na polícia, a escola reativou o programa.
Para a socióloga Miriam Abramovay, o bullying é mais um dos fenômenos graves que ocorrem nas escolas do Brasil. Enquanto o termo virou conceito por conta de um estudo realizado na Noruega, no Brasil, explica a especialista, as relações de conflito ultrapassam as agressões verbais e ameaças. “Classificamos três tipos de violência nos ambientes escolares brasileiros. Vão desde aquelas previstas no Código Penal até as que ocorrem no cotidiano, como um bate-boca, a pichação e o racismo”, detalha a coordenadora de pesquisa da Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (Ritla).
As dificuldades da vida escolar do país são descritas no livro Revelando tramas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas, publicado pela própria Ritla em 2009. Além de Miriam, assinam a publicação Anna Lúcia Cunha e Priscila Pinto Calaf. “Esses conflitos são problemas sociais e não individuais. O que temos de entender é que eles prejudicam a qualidade do ensino. É preciso adotar políticas públicas para solucionar essa problemática”, defende a socióloga, que estuda o assunto há cerca de 10 anos.
Denúncias
O bullying no DF também recebe atenção das escolas privadas. O Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe-DF) faz treinamento e capacitação de educadores há oito anos. A entidade também organiza palestras. Foram quatro no ano passado em centros de ensino localizados fora do Plano Piloto. “Estamos extremamente atentos. Não fazemos de conta que o tema não existe. As crianças devem ter informação até para poder denunciar”, alerta a presidente do Sinepe-DF, Amábile Pácios.
O incentivo às denúncias aparece no site do sindicato, responsável pela publicação de dois livros sobre o assunto. Na página inicial, há um cartaz da campanha do Disque 100, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Os atendentes recebem a comunicação de casos de violência contra crianças e adolescentes, como agressões físicas, verbais, psicológicas e morais e os repassam para os representantes do MP e do Conselho Tutelar da região. Não é preciso se identificar.
Caso de polícia
No mês passado, uma adolescente de 12 anos registrou ocorrência na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) por estar sofrendo bullying no Centro de Ensino Fundamental 24, em Ceilândia. Ela recebeu um apelido pejorativo dos colegas e a situação ficou fora de controle, chegando até a comunidade. Na época, a escola orientou a jovem a registrar o caso na polícia. Segundo o delegado Francisco Antônio da Silva, a ocorrência é curiosa por ser o primeiro caso nesse sentido apurado pela DCA.
Nesse mesmo centro de ensino de Ceilândia, localizado na QNQ 3, foi registrado neste ano outro caso de bullying. De acordo com o supervisor pedagógico do colégio, João Batista de Oliveira, trata-se de cyberbullying. “Tivemos problemas entre alunas que se ameaçavam e se xingavam nas redes sociais”, explica. O supervisor disse que a questão foi resolvida após uma conversa entre as meninas. “Agora, uma das envolvidas até está participando dos programas de conscientização”, comemora.
Peça de teatro
João de Oliveira lembra que, no ano passado, a escola promoveu uma série de palestras e atividades voltadas para o combate à prática de bullying e cyberbullying. “Recebemos o programa Superação Jovem, da Fundação Ayrton Senna, que propõe que seja trabalhado o protagonismo juvenil. Vieram vários projetos e, entre as propostas, surgiu a discussão do bullying.”
Pesquisas com professores, alunos e servidores foram feitas antes de o programa ser realmente produzido. “Os alunos prepararam uma peça de teatro. Na época, a situação ficou resolvida. Mas este ano já tivemos dois casos”, lamenta. Depois do cyberbullying e do caso que foi parar na polícia, a escola reativou o programa.
NACIONAL // VIOLÊNCIA
No Rio, escola é condenada a indenizar vítima de bullying
Publicado em 01.04.2011, às 14h16
O Tribunal de Justiça (TJ) do Rio de Janeiro condenou o colégio Nossa Senhora da Piedade a pagar indenização por danos morais à família de uma ex-aluna que sofreu bullying. A indenização foi fixada em R$ 35 mil.
Os pais da estudante entraram com ação contra a escola relatando que, em 2003, a menina sofreu agressões físicas e verbais por parte de colegas de classe. Na época, a garota tinha 7 anos. Segundo os pais, ela foi espetada na cabeça por um lápis, arrastada, sofreu arranhões, além de socos, chutes, gritos no ouvido, palavrões e xingamentos.
Por conta das agressões, a menina desenvolveu fobia de ir à escola, passou a ter insônia, terror noturno e sintomas psicossomáticos, como enxaqueca e dores abdominais. Ela precisou se submeter a tratamento com antidepressivos. No final daquele ano, a estudante mudou de colégio.
A escola alegou ter tomado todas as medidas pedagógicas necessárias. Porém, na época, não entendeu ser conveniente o afastamento dos alunos que praticavam as agressões. As crianças passaram a ser acompanhadas por psicólogos e seus pais foram chamados ao colégio. Documentos anexados ao processo comprovam reclamações formuladas pelos pais da garota e de outros alunos, que também sofriam o bullying.
A 13ª Câmara Cível do TJ considerou que o dano moral à menina ficou comprovado e a responsabilidade é da escola, pois, na ausência dos pais, a instituição tem o dever de manter a integridade física e psíquica de seus alunos.
Por conta das agressões, a menina desenvolveu fobia de ir à escola, passou a ter insônia, terror noturno e sintomas psicossomáticos, como enxaqueca e dores abdominais. Ela precisou se submeter a tratamento com antidepressivos. No final daquele ano, a estudante mudou de colégio.
A escola alegou ter tomado todas as medidas pedagógicas necessárias. Porém, na época, não entendeu ser conveniente o afastamento dos alunos que praticavam as agressões. As crianças passaram a ser acompanhadas por psicólogos e seus pais foram chamados ao colégio. Documentos anexados ao processo comprovam reclamações formuladas pelos pais da garota e de outros alunos, que também sofriam o bullying.
A 13ª Câmara Cível do TJ considerou que o dano moral à menina ficou comprovado e a responsabilidade é da escola, pois, na ausência dos pais, a instituição tem o dever de manter a integridade física e psíquica de seus alunos.
Fonte: Agência Estado
Pesquisa do IBGE aponta Brasília como campeã de bullying
35,6% DOS ESTUDANTES DISSERAM SER VÍTIMAS CONSTANTES DA AGRESSÃO NO DF.
BELO HORIZONTE (35,3%) E CURITIBA (35,2%) OCUPAM SEGUNDO E TERCEIRO LUGAR.
Pesquisa realizada pelo IBGE apontou Brasília como a capital do bulliyng. Segundo o estudo, 35,6% dos estudantes entrevistados disseram ser vítimas constantes da agressão. Belo Horizonte, em segundo lugar com 35,3%, e Curitiba, em terceiro lugar com 35,2 %, foram, junto com Brasília, as capitais com maior frequência de estudantes que declararam ter sofrido bulliyng alguma vez.
O bulliyng compreende comportamentos com diversos níveis de violência que vão desde chateações inoportunas ou hostis até fatos agressivos, sob forma verbal ou não, intencionais e repetidas, sem motivação aparente, provocado por um ou mais estudantes em relação a outros, causando dor, angústia, exclusão, humilhação e discriminação.
A população-alvo da pesquisa foi formada por estudantes do 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série) de escolas públicas ou privadas das capitais dos estados e do Distrito Federal. O cadastro de seleção da amostra foi constituído por 6.780 escolas.
Durante a pesquisa, foi feita a seguinte pergunta aos estudantes: "Nos últimos 30 dias, com que frequência algum dos seus colegas de escola te esculacharam, zoaram, mangaram, intimidaram ou caçoaram tanto que você ficou magoado, incomodado ou aborrecido?”
Os resultados mostraram que 69,2% dos estudantes disseram não ter sofrido bullying. O percentual dos que foram vítimas deste tipo de violência, raramente ou às vezes, foi de 25,4% e a proporção dos que disseram ter sofrido bullying na maior parte das vezes ou sempre foi de 5,4%.
No ranking das capitais com mais vítimas de bullying, aparecem ainda Vitória, Porto Alegre, João Pessoa, São Paulo, Campo Grande e Goiânia. Teresina e Rio Branco estão empatadas na 10ª posição. São Paulo ocupa a 7ª posição.
Palmas apresenta o melhor resultado da pesquisa. Na capital do Tocantins, 26,2 % dos estudantes afirmaram ter sofrido bullying. Em seguida, estão Natal e Belém, ambas com 26,7%, e Salvador, com 27,2%.
Providências
Em Brasília, o maior número de casos ocorreu nas escolas particulares: 35,9%, contra 29,5% nas escolas públicas. Segundo a pesquisa, o bullying é mais frequente entre os estudantes do sexo masculino (32,6%) do que entre os escolares do sexo feminino (28,3%).
Para combater o problema, o governo do Distrito Federal (GDF) criou Conselhos de Segurança nas escolas. “Vamos resolver os nossos conflitos tendo como mediadores os nossos colegas, professores e os pais”, disse a subsecretária de Educação Integral Ivana Santana Torres. "Os estudantes também estão recebendo aulas de respeito à diversidade. Mas o resultado disso precisa também da vigilância dos pais", completou.
Unidade da Federação | Percentual de estudantes que sofreram bullying |
---|---|
Distrito Federal | 35,6% |
Belo Horizonte | 35,3% |
Curitiba | 35,2% |
Vitória | 33,3% |
Porto Alegre | 32,6% |
João Pessoa | 32,2% |
São Paulo | 31,6% |
Campo Grande | 31,4% |
Goiânia | 31,2% |
Teresina e Rio Branco | 30,8% |
A população-alvo da pesquisa foi formada por estudantes do 9º ano do ensino fundamental (antiga 8ª série) de escolas públicas ou privadas das capitais dos estados e do Distrito Federal. O cadastro de seleção da amostra foi constituído por 6.780 escolas.
Durante a pesquisa, foi feita a seguinte pergunta aos estudantes: "Nos últimos 30 dias, com que frequência algum dos seus colegas de escola te esculacharam, zoaram, mangaram, intimidaram ou caçoaram tanto que você ficou magoado, incomodado ou aborrecido?”
Os resultados mostraram que 69,2% dos estudantes disseram não ter sofrido bullying. O percentual dos que foram vítimas deste tipo de violência, raramente ou às vezes, foi de 25,4% e a proporção dos que disseram ter sofrido bullying na maior parte das vezes ou sempre foi de 5,4%.
No ranking das capitais com mais vítimas de bullying, aparecem ainda Vitória, Porto Alegre, João Pessoa, São Paulo, Campo Grande e Goiânia. Teresina e Rio Branco estão empatadas na 10ª posição. São Paulo ocupa a 7ª posição.
Palmas apresenta o melhor resultado da pesquisa. Na capital do Tocantins, 26,2 % dos estudantes afirmaram ter sofrido bullying. Em seguida, estão Natal e Belém, ambas com 26,7%, e Salvador, com 27,2%.
Providências
Em Brasília, o maior número de casos ocorreu nas escolas particulares: 35,9%, contra 29,5% nas escolas públicas. Segundo a pesquisa, o bullying é mais frequente entre os estudantes do sexo masculino (32,6%) do que entre os escolares do sexo feminino (28,3%).
Para combater o problema, o governo do Distrito Federal (GDF) criou Conselhos de Segurança nas escolas. “Vamos resolver os nossos conflitos tendo como mediadores os nossos colegas, professores e os pais”, disse a subsecretária de Educação Integral Ivana Santana Torres. "Os estudantes também estão recebendo aulas de respeito à diversidade. Mas o resultado disso precisa também da vigilância dos pais", completou.
“Nós temos prestado atenção nisso, nós temos o Observatório da Violência nas escolas particulares, temos capacitado os professores, pais e alunos para essa questão do bulliyng”, afirmou a presidente dos Estabelecimentos Particulares de Ensino Amábile Pácios.
globo.com G1
04/08/2011 -
O BULLYING E OUTRAS PRÁTICAS DE VIOLÊNCIAS
Saulo Cruz -Serviço Fotográfico (SEFOT-SECOM)
Da esquerda para direita: Dep. Roberto de Lucena, Dra.Damares Alves e Dr. Luis Claudio Megiorin
Ontem participei como representante da CONFENAPA (Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos) da reunião da Frente Parlamentar contra o Bullying e outras formas de violências – na Câmara dos Deputados – cujo presidente é o nobre Deputado Roberto de Lucena.
Na ocasião falei da insegurança que hoje os pais têm ao deixarem seus filhos na escola, haja vista tantos acontecimentos ruins em escolas, desde o bullying passando por acidentes perfeitamente evitáveis por qualquer pessoa com o tirocínio mediano, até mortes por pura negligência. Isso não dá para esquecer e tolerar.
Segundo pesquisa do IBGE/2010, lançada no meu blog, Brasília ostenta o vergonhoso título de campeã nacional de incidência dessa prática nefasta e devastadora de violência. Também a mesma pesquisa mostra que as ocorrências são maiores nas escolas privadas. Mais um motivo de preocupação para as classes A e B.
Existem escolas onde o bullying é frequente, e começam entre crianças de tenra idade. Quanto mais estratificada, maior a incidência. Pesa ainda o fato de que há um despreparo, que nem entre os silvícolas existe, em lidar com a situação que vai desde a incapacidade de cuidado ostensivo dos alunos até de não se saber identificar o problema ou fazer vistas grossas.
Na verdade existe uma leniência contumaz. Outras escolas são mais diligentes com funcionários no pátio e nos banheiros o tempo todo, alias esse último um lugar ideal para se fazer traquinagens.
Além do trabalho da Frente Parlamentar está realizando, outras medidas têm sido tomadas, quando o caso chega aos tribunais. Recente decisão do TJRJ condenou uma escola a pagar indenização a uma criança que sofreu esse tipo de assédio, inclusive fisicamente. A decisão falou o óbvio: “Na ausência dos pais a escola é a guardiã da integridade física e moral do aluno”.
Não podemos ser coniventes com essa situação. Meus filhos são doutrinados continuamente a não participarem de quaisquer tipo de escárnio ou brincadeira que venha aborrecer um amiguinho. Tudo há limite. Já com minha filha de 10 o assunto é mais técnico, ensinei-lhe a usar deixar pronto o celular para gravar e/ou filmar qualquer evento que lhe constranja.
Ora, como qualquer advogado, sou obcecado por provas, pois são a “alma” do processo. Sem prova não há condenação e o agressor sairá ileso. Bullying sempre existiu, mas hoje ele tem cara, nome, endereço e telefone, tem até pais! Em breve será tipificado penalmente, existem pelo menos 15 propostas tramitando no Congresso de combate a essa excrescência.
Diante disso a CONFENAPA está orientando seus associados a não serem complacentes nem com a escola, tampouco com os agressores, pois uma “brincadeira” de criança pode deixar marcas irreversíveis na mente de um ser humano. Entretanto, ainda veremos muitas tragédias como a da escola de Realengo no RJ que certamente também foi inspirada em outras importadas. Na maioria das vezes esses atentados são cometidos por pessoas que sofreram bullying na escola ainda na infância.
O combate ao bullying e outras práticas de violências não é hercúleo como muitos imaginam. Basta informação, começando do lar e baixíssimo nível de tolerância. Nossa futura Associação de Pais e Alunos do DF já está atualizada com esse tema, em seu estatuto que está no prelo, inclusive protegendo os professores que também sofrem assédios po r parte dos alunos e outros. Afinal, são eles verdadeiros heróis, pilares da sociedade e nossos filhos o futuro da Nação.
Luis Claudio Megiorin
03/08/2010
Vítimas do massacre em Realengo não são bem atendidas, avalia deputadoAgência CâmaraPara Roberto de Lucena, autoridades reduziram o apoio às vítimas. |
O deputado Roberto de Lucena (PV-SP), que, junto com outros cinco parlamentares, visitou a escola de Realengo, no Rio de Janeiro (RJ), que sofreu o ataque de um atirador em abril deste ano, afirmou que muitas vítimas não estão recebendo os cuidados médicos necessários. Segundo Lucena, as famílias dos jovens também não contam com apoio psicológico. A visita dos parlamentares à escola, onde 12 alunos morreram em consequência do ataque, foi feita no último dia 8 de julho.
Para Roberto de Lucena, o apoio do governo municipal às vítimas foi interrompido assim que o tema saiu das manchetes dos jornais. “Junto com o silêncio da mídia, houve o silêncio das autoridades. São inúmeros os casos de urgência de procedimentos médicos, mas, mesmo assim, não há vontade política para que essas situações sejam resolvidas”, afirmou.
Ranking mostra a incidência do bullying nas capitais do País
Também participaram da visita à escola os deputados Chico Alencar (Psol-RJ), Neilton Mulim (PR-RJ), Liliam Sá (PR-RJ) e Keiko Ota (PSB-SP). No encontro, uma associação das famílias das vítimas fez reivindicações para melhoria da segurança nas escolas, como a instalação de detectores de metal nas escolas; marcação de horário para recebimento de visitantes, fora do horário escolar; avaliações psicológicas periódicas dos alunos e registro de possíveis problemas; atuação permanente de profissionais da área de segurança, como policiais ou bombeiros, nos colégios; e tratamento psicológico contínuo para as famílias das vítimas de Realengo.
Vítima de bullying
O relato da visita foi feito durante reunião da Frente Parlamentar de Combate ao Bullying e outras Formas de Violência. Roberto de Lucena, que é coordenador do grupo, afirmou que os casos de intimidação nas escolas devem ser combatidos para evitar reações violentas.
O atirador que matou as crianças e logo depois se suicidou, Wellington Menezes de Oliveira, era ex-aluno do colégio de Realengo. A sua carta de despedida e depoimentos de ex-colegas indicam que o criminoso havia sofrido perseguição quando era estudante. “Quase todo mundo que eu conheço já foi vitima de bullying. A grande maioria não saiu por aí despejando sua fúria. Mas hoje nós temos um ambiente hostil em nossas escolas que precisa ser interrompido para que não ocorra o que aconteceu em Realengo”, alertou o deputado.
O representante da Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos, Luis Claudio Megiorin, que participou do encontro, também destacou a necessidade das medidas de prevenção ao bullying. “Essa é uma forma de violência muito cruel e sutil que atinge não somente os jovens, como também todo o corpo social da escola”, disse.
Projetos de lei
Hoje, segundo dados da frente parlamentar, tramitam na Câmara 15 projetos de lei com propostas de combate ao bullying. As propostas preveem desde a obrigatoriedade da divulgação de campanhas publicitárias contra a intimidação nas escolas até a tipificação do crime de bullying.
Uma delas obriga as escolas públicas e privadas de ensino fundamental a manter psicólogos em seus quadros de pessoal (PL 1691/11). A ideia é que esses profissionais prestem atendimento aos estudantes vítimas de bullying e a suas famílias. “Precisamos ter em cada escola um profissional especializado para identificar transtornos antes que eles se tornem tendências e se materializem em forma de violência”, disse Roberto de Lucena.
O deputado informou que a frente deverá realizar uma força-tarefa para a aprovação das propostas. O objetivo é conversar com o presidente da Câmara, Marco Maia, e com os líderes partidários para que os projetos tramitem rapidamente nas comissões.
5/06/2010 13h46 - Atualizado em 15/06/2010 13h47