O MODELO DE GESTÃO DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR PRECISA SER MUDADO URGENTEMENTE
Equipe do CAE da SEEDF em visita de observação em uma escola em Florianópolis - SC. |
Não é a primeira vez que a Secretaria de Educação tem
problemas com a alimentação escolar servida aos alunos da rede pública. Já tivemos
problemas de toda ordem no processo de oferta, que vão desde a aquisição,
armazenamento, falta de gás até a distribuição.
Recentemente, vimos que a SEEDF adquiriu carnes processadas com teor de gordura
acima do recomendado. Por
determinação da Secretaria de Educação todo restante de estoque foi recolhido
e a empresa responsável terá que adequar a oferta de carnes dentro do padrão
recomendado.
Representantes do Conselho de
Alimentação Escolar - CAE, da SEEDF, visitaram, por sugestão do FNDE, o Estado de Santa
Catarina, na capital Florianópolis, para conhecer o sistema de oferta da alimentação
escolar que é terceirizado por empresa privada que fornece desde a mão de obra
até os insumos utilizados no preparo da alimentação escolar que é servida aos
alunos da rede pública daquele Estado.
Sabemos das dificuldades que a SEEDF vem enfrentando, há
anos, no hercúleo trabalho de ofertar a merenda escolar de qualidade aos cerca
de 480 mil alunos das 687 escolas da rede pública de ensino do DF. A SEEDF
possui uma subsecretaria específica que cuida desse trabalho, que é monitorado
pelos membros do CAE, o qual é composto por diversas entidades civis, dentre eles os pais de alunos da
rede pública, cujos representantes são indicados pela ASPA. O trabalho
dos conselheiros do CAE é de interesse público e é prestado de forma voluntária.
Armazenamento de mantimentos em uma escola do DF |
São cerca de 630 toneladas só de alimentos não perecíveis e
são servidas 500 mil refeições/dia em toda rede, sendo possível que, mesmo com todo o cuidado,
alguma falha ocorra, pois a logística é imensa. É um desafio dar conta
dessa empreitada pra lá de complexa à medida que existem escolas com apenas
uma refeição, a exemplo das escolas classes, e escolas com 4 e até 5
refeições. Tudo isso faz parte de uma grande estratégia de qualidade do ensino
fomentada pelo governo que nem sempre se consegue alcançar sem reclamações.
Há cerca de dois anos não é servida carne in natura. Já houve reclamações, em 2017,
do peixe servido, o mapará que tem um odor mais forte e é mais gorduroso.
Agora, é servido tilápia, peixe internacionalmente conhecido e utilizado e que
não tem muito espinho. Entretanto, a carne continua sendo servida em conserva,
que vem sem tempero e pré-cozida. Mesmo colocando o tempero na hora do preparo,
o gosto não é muito apetitoso.
Há três modelos existentes: descentralizado (onde cada unidade escolar adquire e processa sua alimentação), o centralizado (modelo atual em que a SEEDF compra e distribui e, por meio de mão de obra terceirizada, a merenda é feita na própria escola) e o terceirizado (modelo em que uma empresa é contratada para fornecer licitada, conforme cardápios elaborados pela SEEDF, fornecendo desde a mão de obra até os insumos). A modalidade terceirizada ainda não foi testada no DF, modelo utilizado no Paraná e em outros estados como SP.
A ideia da ASPA é que esse último modelo seja testado, pois uma
empresa especializada terá a tarefa de fornecer todos os cerca de 80 cardápios
de merenda, de acordo com a necessidade da escola, incluindo os cardápios de
restrições alimentares. Pode-se também exigir no certame que também sejam
fornecidos utensílios e até o gás de cozinha, que já houve episódios de falta
em algumas escolas, no passado. Assim a tarefa da SEEDF ficará apenas em
fiscalizar, juntamente com a atuação e fiscalização do CAE, a qualidade da
merenda servida com a garantia de que não falte nenhum insumo básico, pois a
empresa privada não tem as amarras de aquisição de insumos do ente público.
Refeição sendo servida em uma escola em SC. |
Foi observado em Florianópolis que a merenda é de boa qualidade e não há escassez de produtos básicos no preparo da alimentação na escola. O modelo terceirizado pode ser mais eficiente e menos dispendioso para a SEEDF, por isso a ASPA irá sugerir à Pasta o modelo. Temos que tentar alternativas ao modelo atual, pois essa modalidade não foi testada na rede do DF, que é bem menor que a de SC. Esperamos ter êxito e, assim, não ocorrer tantos problemas como os que temos visto ultimamente.
Conselheira da ASPA no CAE em inspeção em uma escola no DF. Assista ao vídeo da matéria produzida pelo do TCU ao final. |
Mesmo que o modelo de oferta da alimentação para a rede
pública seja totalmente terceirizado, o papel dos membros do CAE continuará
sendo fundamental, é o que aponta a Conselheira da ASPA no Conselho, Lucelita
do Santos Reis, uma das mães mais atuantes do CAE e do Conselho do
Fundeb. “Os pais têm papel fundamental na fiscalização dos serviços
prestados pelo estado através das escolas. Cada pai e mãe tem que estar mais
presente nas escolas fazendo o seu papel que é fundamental, observar como
nossos filhos são atendidos em todos os aspectos da Educação”.
Para o Presidente da ASPA, Luis Claudio Megiorin, que em
2014, diante de reclamações de que havia escolas nas quais estavam servindo
leite e biscoito, participou de uma reunião na
SEEDF para reclamar. Ainda hoje, a
situação requer atenção e precisa de uma solução urgente. “A SEEDF tem que
se ocupar com sua missão específica: a qualidade do ensino e não ficar mais
resolvendo problemas que vêm de outras gestões e que podem ser resolvidos de
forma moderna com os três “Es”, pilares da administração pública: Eficácia, Eficiência e Efetividade”,
ponderou.
ASPA-DF
Assista ao vídeo da atuação de fiscalização do CAE nas
escolas. >CLIQUE>
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