Uma matéria do CB de hoje falou
sobre o vestibular do meio do ano na UnB. O tema da redação do vestibular da
UNB neste sábado foi: “A pressa nossa de cada dia”. Esse vestibular é uma
espécie de repescagem de quem não passou no final do ano passado e não foi bem
classificado no PAS e no ENEM. Esse público, por óbvio, teve um pouco mais de
tempo para se preparar. Alguns continuaram a estudar com afinco e até fizeram
cursinhos nesses 6 meses.
Voltando ao tema da redação, que
nos remete à exiguidade de tempo, os vestibulandos e estudantes de ensino médio
sabem muito bem o que isso significa, pois com a insana (estúpida) e
desnecessária carga das 13 disciplinas curriculares cobradas na formação dos
estudantes do ensino médio tiram-lhes a juventude e o tempo passa em
descompasso com outras necessidades de viver bem e até cuidar da saúde
emocional e física.
Interessante que, não bastasse essa
carga de estudos, foi cobrado do candidato, que não tem tempo, ter ainda conhecimento
de seriados e filmes, tais como: Black Mirror e La Casa de Papel; Pantera
Negra, As sufragistas, Viva – a vida é uma festa, Coco antes de Chanel. Tal
cobrança mostra a insensibilidade dos examinadores quanto ao momento em que
esses jovens de 18 anos estão vivendo: a falta de tempo. Sim, pois a maioria
dos jovens que estuda de verdade tem uma jornada de estudos extenuante de mais
de 12 horas diárias. A pergunta que fica é: que tempo lhes resta?
A esperança está por vir, com a
reforma do Ensino Médio, a partir de 2020 ou 2021, quando esperamos que os
alunos possam ter um alívio na carga de estudos no meio do ensino médio. A
promessa é que os alunos poderão escolher os itinerários formativos nas quatro
áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências
humanas e sociais aplicadas e ainda a formação técnica e profissional.
Isso é mais ou menos como acontece
no exterior. Mas essa reforma poderia ter sido mais ousada, permitindo que o
aluno escolhesse as áreas de estudos que deveria seguir, de acordo com a sua
capacidade, já a partir do 1º ano, nem que para isso fosse necessário ampliar
em um ano o EM, como ocorre na Alemanha, nos EUA e em outros países. Entretanto,
o mais importante é que o conteúdo para formação, seja ela técnica ou
universitária, componha-se de, no máximo, 6 a 7 disciplinas.
Claro que essa ideia somente terá
sucesso se a forma de ingresso no ensino superior seguir o que o MEC e INEP
pensam sobre a Reforma dessa Etapa Curricular. As universidades também terão
que cobrar em seus vestibulares apenas as matérias que tem a ver com o curso
escolhido, a exemplo do IME e do ITA. Esses institutos têm tido excelente êxito
em selecionar os melhores alunos, mas com ênfase e cobrança em matéria de
exatas. Afinal de contas, o que interessa que um engenheiro aprofunde-se em
matérias como arte, filosofia, sociologia, geografia e história?
Por fim, o tempo é curto e os
desafios para a formação dos alunos é enorme. Hoje, não concorrem mais com
outros alunos que estão se preparando em pé de igualdade, mas com aqueles que
não têm o mesmo preparo e têm a régua abaixada pela política de cotas raciais e
sociais. Há ainda um bis in idem,
pois além das cotas da lei federal, tem, pela UnB, a cota de 5% somente para
negros. Em um passado recente, até 2016, vigorava também um bônus de mais 20%
para alunos da periferia estudarem nos campi localizados nessas regiões, o que
foi cortado pelo conselho da UnB. Resultado disso tudo é que a concorrência
aumentou na mesma proporção em que caiu o nível de ensino das universidades
públicas, num descompasso com as melhores universidades do mundo. Será que vale
a pena tanto esforço?
Luis Claudio Megiorin
Presidente da ASPA-DF, Presidente da Comissão de Educação da OAB-DF e
Membro do Conselho de Educação do DF
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