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quinta-feira, 26 de abril de 2018

SEMINÁRIO NACIONAL - Desafios para formação educacional dos surdo no Brasil


Foto: Valter Zica - OAB-DF

AGORA COMEÇAMOS A COMPREENDER A LUTA DOS SURDOS!

 O Seminário Nacional dos surdos, sob o tema: Desafios para a formação educacional dos surdos no Brasil, tema da redação do ENEM 2017, realizado ontem, na OABDF, foi um sucesso de público e crítica, superando as expectativas da OAB-DF, da comunidade surda e dos especialistas. A acessibilidade, proporcionada pela OAB e seus Parceiros, deu vida ao evento que contou com intérpretes de libras (com formação específica), estenotipia (legenda para surdos oralizados) e intérpretes voluntários de libras táteis para os surdocegos, além de transmissão ao vivo pelo youtube. Um documento final com as falas ocorridas no evento será elaborado e será enviado para autoridades públicas de todo o Brasil.
Foto: Valter Zica - OAB-DF

Tivemos relatos da liderança dos surdos, que nunca participaram de um evento tão diversificado com a representatividade de todos os principais grupos de surdos: surdocegos, oralizados e sinalizantes. Foi também um momento de congraçamento dos surdos, por estarem entre iguais! Tivemos representantes do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Tocantins e Catalão (GO). Foram cerca de 500 pessoas presenciais e mais de 3 mil pelo canal: www.youtube.com/oabdfoficial, cuja gravação, sem edição, está disponível.







Juliano Costa Couto, Presidente da OAB-DF

O Presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, expressou a sua satisfação pela OAB estar cumprindo o seu papel social, para além de apoiar os advogados e a advocacia, ao assegurar o direito de todos que a ela recorrem.



Em seguida, o Presidente da Comissão de Educação da OAB-DF e
Juliano Costa Couto e L.Claudio Megiorin
Presidente da ASPA-DF, Luis Claudio Megiorin, idealizador do evento, falou da motivação e objetivos do evento que plagiou o tema da redação do ENEM/2017, o qual causou um rebuliço entre os estudantes e sociedade que desconheciam a realidade dos surdos no Brasil. Megiorin relatou que a preparação do encontro levou meses de árduo trabalho com sua equipe, dada à complexidade do tema e público alvo. Megiorin disse que se o evento servir para unir os diversos grupos de surdos já é uma grande realização, pois pior que não ter as políticas públicas implementadas a favor desse público e vê-los desunidos, sendo isso  uma autoexclusão.

“Foi um evento impactante, principalmente para pessoas que não têm nenhuma deficiência limitadora. Espero que principalmente os estudantes que assistirem ao youtube, ao verem as imagens, reajam para a vida como esses heróis da resistência, exemplo de superação, pessoas que amam viver a despeito de suas limitações pessoais e aquelas que nós, sociedade e governos, impomos a eles, asseverou Megiorin”.



A educadora Maria Inês Fini, Presidente do Instituto de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, criadora do ENEM, destacou a sua atuação perante o INEP e o seu retorno à autarquia em 2016, o que viabilizou a sua determinação ousada na criação da primeira prova do ENEM em língua de sinais. Na oportunidade, a Comissão de Educação prestou uma homenagem especial por sua ação em favor dos surdos nessa importante prova. 

Foi homenageada também: a ativista Surda, Doutora Patrícia Luíza Ferreira Rezende, professora adjunta IV do Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, RJ, por sua atuação junto ao INEP para que a prova do ENEM fosse realizada em libras.




Outro homenageado foi o surdo Rodrigo Rosso, o intérprete da prova do ENEM/2017 em libras.

Megiorin e Rodrigo Rosso


Autoridades e Especialistas da Educação

O presidente do Conselho de Educação do Distrito Federal, Mário Sérgio Mafra, afirmou que acompanhou “de perto toda essa perspectiva dos surdos sendo integrados na escola convencional e formando em nível superior. O que estamos fazendo é o resgate da importante educação para essas pessoas que tanto precisam da escola e assistência”.


Diretora de políticas de educação especial do Ministério da Educação
(MEC), Patrícia Raposo conta que o tema é importante para dar visibilidade à questão da educação dos surdos. “No momento em que a Ordem dos Advogados do Brasil traz à tona esse tema dos desafios da educação dos surdos no Brasil, a ação se torna intersetorial cada vez mais nas políticas brasileiras, entendendo que todos os segmentos da sociedade devem participar das finalidades da educação”.(redação Ascom oabdf)


Dra. Márcia Rocha, Promotora de Justiça da Promotoria de Defesa da Educação –PROEDUC/MPDFT, destacou a importância da efetiva inclusão na educação, uma luta constante da PROEDUC que está atenta às demandas das pessoas surdas, apesar de muitas leis que asseguram seus direitos. Falou da dificuldade de uma criança no primeiro dia de aula em uma escola que não tenha professores e outros profissionais com capacidade de ajudá-la a se comunicar. Disse que os professores envolvidos com a educação das crianças surdas têm que ter a capacidade e expertise de se comunicar, pois isso é um direito basilar da pessoa surda. Reforçou também que os concursos públicos devem priorizar os intérpretes de libras, professores surdos, pois, no seu entender, são esses que têm a maior capacidade de se comunicar com as pessoas surdas, em libras.  

O Professor Antônio Vítor Gomes Leitão, Coordenador da Promoção de
Direitos de Pessoas com Deficiência - PROMODEF, ressaltou a importância da OAB-DF, na luta pela pessoa com deficiência. Leitão foi um dos responsáveis pela criação da Escola Bilíngue em Taguatinga e disse que o projeto original era para que fossem criadas mais três escolas: uma no Plano e outras duas em outras cidades, mas falta a regulamentação do Decreto e a efetiva construção dos espaços. Falou também da importância da inclusão dos deficientes no mercado de trabalho, para que haja a verdadeira inclusão, não pela força da lei, mas pela conscientização, aceitação e acolhimento das pessoas com deficiências. Disse que falta a acessibilidade de comunicação para as pessoas com surdez, para que o afeto se sobreponha a qualquer outro sentimento, na perspectiva que nada é caridade e nada é castigo, tudo é oportunidade.


Fatima Ali Abdalah abdel Cader Nascimento, Doutora em surdocegueira, discorreu, em veemente discurso, sobre a surdocegueira e destacou em sua fala a falta de políticas públicas e de sensibilidade de todos os setores da sociedade para com esse público especial, os surdocegos, que são sujeitos de direito e têm que ter garantidos o seu direito de ir e vir a qualquer espaço da sociedade, seja shoppings, cinemas e outros. Entretanto, para que isso ocorra é preciso que os surdocegos, dentre outras necessidades, sejam capacitados para se locomoverem e ter à sua disposição guias-intérpretes a fim de proporciona-lhes segurança e tradução do mundo ao redor dessas pessoas. 

ALGUMAS PARTICIPAÇÕES DOS SURDOS 

Houve um momento especial em que vários surdos, surdocegos, oralizados e sinalizantes revezaram-se no palco expondo, perante as autoridades presentes, suas necessidades e reivindicações quanto à inclusão e acessibilidade plenas.

Na opinião do Dr. Paulo Sugai, surdo oralizado, que foi um dos mediadores do evento, membro da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Diretor Jurídico da Associação de Surdos Oralizados de Sugai, “o evento foi importante para reforçar a diversidade e gerar união dos diversos grupos de surdos no universo da surdez, para fortalecer esses grupos perante os órgãos públicos a fim de que as políticas públicas sejam implementadas de acordo com a 

O Professor de Libras da UnB e doutorando Messias Ramos, Diretor de
Políticas Educacionais da FENEIS, destacou a importância do evento, pois foi singular com relação a outros similares que participou, visto que a OAB-DF abriu um espaço importante, colocando todos os surdos como protagonistas. Para o Prof. Messias, os surdos não podem ser pautados pelas pessoas ouvintes que têm baixa compreensão da complexidade do universo surdo e de sua cultura. Ressaltou a importância de se resgatar e firmar a identidade surda e sua língua principal: as libras.

Iury Ermenegidio, estudante da UnB de libras e português como segunda língua, que representou os surdocegos do DF, expôs a dificuldade que os surdocegos brasileiros encontram a partir da família e com professores que não são preparados para lidar com esse grupo de pessoas. Falou da luta de vários tipos de surdos que, como ele, têm o desejo de estarem firmes  no aprendizado!

O evento contou ainda com a participação dos seguintes representantes:  Profa. Elemregina Moraes (professora da SEEDF/Centro de apoio aos Surdos, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Pais e Amigos de Deficientes Auditivos  APADA - e Membro da Associação Brasileira de Pais e Amigos de Surdocegos e múltiplos deficientes sensoriais -  ABRAPASCEM), Francisco Eduardo Coelho da Rocha (Presidente da  Federação Nacional de Integração dos Surdos – FENEIS), dentre outras.

EQUIPE DA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO ORGANIZADORA DO SEMINÁRIO.

Dra. Anapaula Carreira Mancini – Secretária-Geral da Comissão de Educação da OAB-DF.
Dra. Luciana Formaggio – Secretária-Geral Adjunta da Comissão de Educação da OAB-DF.
Dra. Danielle Glielmo – Membro da Comissão de Educação da OAB-DF.
Dra. Marinete Paz – Membro da Comissão de Educação da OAB-DF.












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