PARA PASSAPORTE,
VERBA DA EDUCAÇÃO
Abrindo O Globo, no dia 30/06/2017,
deparei-me com a seguinte matéria, em sua capa: Para passaporte, verba da
educação. Ora, todos nós contribuintes sabemos que suportamos uma das maiores
cargas tributárias do planeta, sem, contudo, termos o mínimo de decência de
serviços públicos como retorno, assim como ocorre nos melhores países de
primeiro mundo, onde a educação é levada a sério e tida como prioridade.
Há dias, fomos confrontados com uma
notícia, no mínimo curiosa, de que a verba destinada para passaportes sumiu e
que a Polícia Federal não tem mais como emitir o documento! Milhares de pessoas
estão com suas viagens de julho comprometidas, muitas já pagaram por elas. Quem
arcará com esse prejuízo?
Entretanto, o mais curioso dessa
história, que deixaria qualquer estrangeiro de países decentes sem entender, é para
onde foram os R$257,28 pagos por cada passaporte? A questão aqui não é discutir
o que já sabemos: toda taxa e tributos vão para um fundo específico do governo
onde esse dinheiro é fundido. Aí o governo, ávido por dinheiro, vai gastando o
que não lhe pertence, dando destinação a outras demandas orçamentárias e se “esquece”
que, parte da verba, teve destinação inicial para cobrir um determinado custo
pelo qual cidadão pagou e espera receber de volta o serviço, simples assim!
Na manhã de domingo, dia
01/01/2017, portanto feriado, voltando de férias dos Exterior, com minha
família, tivemos uma grata surpresa na imigração do aeroporto de Brasília, pois
fomos atendidos por uma linda policial federal com um sorriso encantador que,
enquanto checava nossos passaportes nos brindava com um bem-vindo. Estranhei,
pois nunca havia tido essa recepção na volata ao meu País. Olhei ao redor e
todos os policiais com o mesmo sorriso e ânimo, naquele feriadão, apesar dos
pesares. Esse é o mínimo que nós, pagadores de impostos, merecemos como
tratamento do Estado que nos suga até a alma; serviços públicos de qualidade
com respeito a quem paga a conta.
Mas como a criatividade
maquiavélica do grande leviatã não tem limites. Depois de desaparecer, como
sempre, com a verba destinada a serviços públicos, dessa vez resolveu deixar os
brasileiros sem férias e sem passaporte e quer nos deixar, também, sem
educação! O pior de tudo que, pressionado, mandou alguém se virar. Um gestor
desastrado teve a ideia demoníaca de desviar, surrupiar, mais uma vez uma verba
sagrada, carimbada para a educação para cobrir o rombo do passaporte. Talvez
isso seja pelo motivo que tirar verbas da educação é a mais fácil, pois na
educação os efeitos são sentidos a longo prazo, em outras áreas os efeitos são
imediatos. Mas é exatamente por isso que o Brasil se encontra estagnado, pois
de pouco em pouco a educação é deixada para depois, prática de sucessivos
governos.
Claro que esse vampiro desalmado
não pensou duas vezes em ir na jugular do Plano Nacional de Educação - PNE, lei
nº 13.005/2014, e sugar-lhe verbas destinadas ao cumprimento das 20 Metas e
suas mais de 200 estratégias traçadas na Lei para a melhoria do ensino. Talvez
esse ato seja uma comemoração às avessas, do 3º aniversário do PNE, ocorrido no
dia 25 de junho, passado. De cara, se essa notícia for constatada, o desmonte
do PNE será confirmado, pois atinge o coração do Plano, que é a capacitação e
formação continuada dos nossos mestres da educação básica, além de atingir
também a educação de jovens e adultos, a graduação, pesquisa e extensão. Enfim,
tudo que precisamos para alavancar esse país e ajudá-lo a alçar voo de águia e
não de galinha.
Por fim, o Relator da Comissão de
Orçamento do Congresso Nacional está tentando tirar a verba surrupiada do
passaporte de outra fonte. Claro que vai sobrar para algum setor vital, mas que
não se mexa com a verba da educação que vem sofrendo cortes vultosos desde o
governo Dilma, que cortou mais de 13 bi do orçamento da educação. Mais uma vez,
a máxima jurídica de que “quem paga mal, paga duas vezes” se mostra verdadeira.
Mas, infelizmente, para se ter serviços públicos, dos mais banais aos mais
vitais, só temos que pagar a uma pessoa, ao governo, desse ninguém escapa. Mas
que não se tire para passaporte e outros fins, verba da Educação!
Luis Claudio Megiorin, Presidente
da Comissão de Educação da OAB-DF, Presidente da Associação de Pais e Alunos do
DF – ASPA-DF e Membro do Conselho de Educação do DF.
ATUALIZAÇÃO DO ASSUNTO: Comissão libera R$ 102,3 milhões para retomada de emissão de passaportes
Leia mais: https://oglobo.globo.com/brasil/comissao-libera-1023-milhoes-para-retomada-de-emissao-de-passaportes-21553007#ixzz4ltwci2eI
stest
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