3º
ANIVERSÁRIO DO
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – PNE
Ganhamos,
mas não levamos!
Para
não dizer que não falamos do PNE,
ontem, 25 de junho, foi o aniversário de 3 anos do lançamento alvissareiro do
PNE e pouco se falou nisso. Sim, alvissareiro, porque foi lançado pelo Governo
Federal como a panaceia para o Sistema Nacional de Educação, num momento em que
nós, pobres mortais, não sabíamos do momento econômico/político que estava por
vir e que feriria de morte o PNE e seus filhotes Planos Estaduais de Educação e
o Distrital, PDE.
Sim,
o PNE teve seu golpe quase que mortal já de saída, desferido pelo próprio
governo que, em 2015, cortou cerca de 13 bilhões das verbas destinadas para a
educação. O corte só não foi mais perceptível, pois as tradicionais entidades,
ligadas à educação, que davam sustentação ao governo, ficaram silentes e
engoliram a seco o golpe desfechado pelo próprio criador, na sua criação!
A
partir de então, o declínio do PNE foi sendo paulatinamente sentido, como bem
falou o Ex-Ministro da Educação, Janine, antes de sua saída da Pasta, prevendo
um atraso na implementação das metas do PNE, ao longo dos 10 anos, até 2024.
Desnecessário
lembrar a ambiência política vivida no período de discussões dos PNE e do nosso
PDE. Era um ambiente propício para a tão celebrada participação popular, do
movimento sindical e social. Um
momento de utopia do Congresso Nacional, recém-eleito, esse mesmo que amarga,
juntamente com o governo passado e atual, as duras críticas por tudo que o
cenário político nos proporciona.
Hoje,
aquelas entidades tentam juntar os cacos que restaram daquele momento histórico
e pressionam pela implementação das políticas públicas prometidas nos planos de
educação. A ideia do PNE consta
da Lei de Diretrizes e Base da Educação de 1996 e foi introduzida na
Constituição Federal, em 2009, pela EC 59/2009. Portanto, algo idealizado há
muito para alavancar a qualidade da educação, mas que, pelo visto, teremos que
esperar ainda algum tempo até que a economia se levante.
Verdadeiramente,
das 20 metas e mais de 200 estratégias introduzidas no PNE, as mais ambiciosas
são a 17 e 20. A meta 17 trata-se da valorização da carreira do magistério:
Valorizar os
profissionais do magistério das redes públicas da Educação Básica, a fim de
equiparar o rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade
equivalente, até o final do 6º ano da vigência deste PNE.
Infelizmente,
pelos prognósticos, nossa economia não estará robusta para o cumprimento dessa
meta até 26 junho de 2020, deadline para
a sua efetivação!
Pensamos
que muito menos será possível atingir a Meta 20, que trata sobre o Financiamento
da Educação, até 2019, até porque a PEC dos gastos entrou em cena:
Ampliar o
investimento público em Educação pública de forma a atingir, no mínimo, o
patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no 5º ano de vigência
desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio.
Evidentemente,
algumas metas intermediárias, em que não é necessário um investimento substancial,
estão sendo cumpridas, como a Meta 19 que trata sobre a Gestão Democrática, que
visa uma maior participação da comunidade escolar na vida da escolar e a
eleição dos diretores. Isso porque ainda temos muitos diretores apontados
politicamente nas escolas do Brasil, não aqui no DF.
Bom pontuar que, por mais que seja
um Direito Constitucional, o PNE e seus filhotes não serão implementados à
força, pois a Reserva do Possível entrará em cena, nesse momento de forte
recessão econômica, e não haverá decisão judicial que forçará o Governo Federal
e o DF a cumprir com as metas estabelecidas nos planos de educação.
Por fim, nada a comemorar, aliás,
pouco se falou no PNE neste 3º ano de sua promulgação. Acho mesmo, no momento
atual, educação não é prioridade nem para a grande mídia do país, tão pouco
para o governo. Talvez isso seja a percepção que o cobertor encolheu além da
conta. Então, a dura conclusão, da nossa parte, dos pais de alunos, é de que
ganhamos um direito, mas não o levamos, como tudo que se conquista neste país
de dores sociais intensas.
Luis Claudio Megiorin
Presidente da ASPA-DF, Presidente da Comissão de Educação da OAB-DF e Membro do Conselho de Educação do DF
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