Alunos da rede privada de ensino e passe livre
Em primeiro lugar, é bom que se diga que a ASPA está sensível
ao problema de caixa enfrentado pelo governo Rollemberg, agravado pela forte
recessão econômica que sofre o Brasil e torce pelo sucesso dessa gestão.
Entretanto, vale ressaltar que não podemos aceitar a premissa
de que o aluno, por ser de uma instituição privada, pode e deve arcar com mais
esse custo da passagem de ônibus, como afirmou ontem ao Jbr um Deputado Federal
que, inclusive, foi Secretário de Transportes do DF e nada fez para melhoria do
sistema.
A bem da verdade, quem se submeteria a um sistema de
transporte público e ao serviço do DFTrans de baixa qualidade, sem que tivesse
extrema necessidade? Lembrando que apenas cerca de 20% das mais de 482 escolas
privadas credenciadas e pouquíssimas faculdades privadas abrigam alunos da
classe “A”, que não usam o sistema de transporte público!
Resta, então, uma massa de alunos que estão matriculados nas
escolas da periferia que representam a maioria dos estudantes das instituições
privadas de ensino, cujos pais têm baixa renda e arcam com os crescentes e
abusivos aumentos das mensalidades anualmente, sem a ajuda sequer do governo
para fiscalizar eventuais abusividades. Muitos estão com sua renda comprometida
com a escola dos filhos e muitos têm mais de um filho matriculado, o que no
final do mês o gasto com a passagem pesará no bolso, representando até o valor de
uma mensalidade da escola.
Salienta-se também que esses pais de alunos que não optaram
por colocar seus filhos na escola pública, por não encontrar vagas em escolas
com condições mínimas de qualidade perto de sua casa, ajudam e, muito, o
governo não sobrecarregando o sistema de ensino do DF que depende
desesperadamente do ensino privado para complementar a oferta do ensino.
Diante disso, a ASPA espera do Governo Rollemberg e dos
parlamentares que se abstenham de tirar, por completo, a gratuidade do
transporte nesse momento em que a classe média está à penúria e que envidem
esforços para encontrar saídas para melhoria do sistema de transporte e
fiscalização do sistema para evitar eventuais abusos e falhas.
A revisão da concessão da gratuidade/parcialidade por critérios
bem definidos pode ser adotada para todos os usuários, mas também se deve
atentar para a questão financeira e número de alunos em uma família. Entretanto,
isso somente pode ser implementado após adotadas medidas claras de controle,
fiscalização e transparência na gestão do sistema de transportes. Lembrando que
o jovem universitário, via de regra, desempregado, tem também necessidade dessa
ajuda, pois pagar pelo ônibus poderia representar mais dificuldades até para
acesso a livros e outros gastos durante os estudos.
Na certeza de que a situação será resolvida e que não será
necessária a tomada de outras medidas para evitar a retirada do passe livre aos
alunos da rede privada, a ASPA aguardará por uma solução estudada e
fundamentada, ainda antes do início do período letivo.
ASPA-DF
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