Beijo gay causa polêmica
Funcionários de escola particular da AsaNorte são acusados de repreender aluno do lado defora do estabelecimento, e caso movimenta as redes sociais. Especialistas alertam que falta preparo para as instituições de ensino nessas questões
RAFAEL CAMPOS - LUIZ CALCAGNO -
THIAGO SOARES 09/09/2016
A mobilização de alunos de um
colégio particular da Asa Norte contra uma possível repressão a um beijo gay
movimentou a internet. Segundo os relatos, um estudante foi flagrado, do lado
de fora do prédio, beijando o namorado, que não estuda no local. Uma mãe teria
visto e reclamado com funcionários da escola, que recriminaram o estudante. As
postagens ainda diziam que a direção entrou em contato com os pais para relatar
o envolvimento. O centro de ensino negou que tenha cometido qualquer ato de
ofensa contra o casal ou ligado para os responsáveis. Especialistas acreditam
que os centros de ensino não estão preparados para lidar com o assunto
orientação sexual.
O caso aconteceu na última
quinta-feira. Em seguida, a postagem ganhou visibilidade e diversos
comentários, até do colégio. Segundo os relatos, o garoto chorou no intervalo,
após o incidente.
“E não é a primeira vez que soubemos
de casos como esse na escola”, reclamou um internauta. O Correio conversou com
uma amiga do rapaz, que confirmou a repreensão contra o jovem, assim como
também a ameaça de que os pais seriam informados. “Eles (os funcionários)
falaram que manchava a imagem da escola”, revela.
Na internet, os estudantes
questionaram a instituição. “Ligar para os pais de um aluno informando que ele
estava se relacionando com alguém do mesmo sexo é extremamente antiético”,
postou um garoto. Outros comentaram que a proibição nunca se estendeu a casais
heterossexuais. Além disso, destacaram, a escola não teria gerência sobre casos
que acontecem do lado de fora.
Em nota, a instituição reforçou que
segue procedimento para lidar com qualquer tipo de relacionamento afetivo entre
alunos. No texto, o centro de ensino alega que “acredita na importância da
liberdade de expressão. O colégio esclarece que tem um procedimento padrão
quanto a relacionamentos afetivos de seus alunos, ao longo dos seus 32 anos.
Reforçamos, ainda, que tal procedimento é seguido, da mesma forma,
independentemente do gênero do relacionamento. A instituição repudia qualquer
tipo de discriminação e reforça que a missão é, e continuará sendo, focada na
formação dos alunos.”
Exposição
A especialista em psicologia
escolar da Universidade de Brasília (UnB) Tatiana Lionço acredita que a
repercussão pública do caso pode interferir no desenvolvimento do adolescente.
“Tudo dependerá do modo como os envolvidos passem a tratar a questão. É
importante aproveitar esse momento para afirmar o reconhecimento da
legitimidade do afeto homossexual e a recusa do preconceito e da discriminação”,
afirma. A especialista considera também que, nesse momento, colegas de escola
devem aproveitar o momento para valorizar a diversidade, “reafirmar igualdade
de direitos e demandar da escola o cumprimento do tema transversal, orientação
sexual.”
O presidente da Associação de Pais
e Alunos das Instituições de Ensino (Aspa-DF), Luis Claudio Megiorin, acredita
que os colégios não estão preparados quando o assunto é diversidade sexual. “A
situação que se tornou um constrangimento para o aluno poderia ter sido
evitada. Isso mostra que a escola não tem diálogo com os estudantes nem
discernimento para lidar com essas questões. Ela pode, por exemplo, desenvolver
normas, como evitar o contato físico entre casais no ambiente escolar, mas isso
tem de ser com igualdade, não pode ocorrer discriminação. Esse aluno pode ficar
marcado. Cabe aos pais chamar e orientar o jovem para não se expor. Isso
independente da orientação sexual. É dever da escola preservar a dignidade do
aluno e não expô-lo”, argumentou.
Fonte: CLIQUE>
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA A ASPA.
POR GENTILEZA,ENVIE UM E-MAIL PARA: aspadf11@gmail.com PARA FUTUROS CONTATOS.
GRATOS.