Foto: Tiago Oliveira/SEDF/Divulgação |
Quinta-feira, 4 de agosto de 2016
EDUCAÇÃO » Correio Braziliense
Camila Costa
(Começou a ser construído, no
Guará, o Centro de Excelência Profissional Articulado)
Obras do centro no Guará. Outras
três unidades devem ser erguidas, no Paranoá, em Santa Maria e em Brazlândia
Começou a ser construído, no Guará,
o Centro de Excelência Profissional Articulado, que deve ficar pronto no início
do próximo ano letivo. Serão ofertados três cursos técnicos, e os estudantes do
ensino médio poderão escolher o percurso formativo que pretendem seguir
O próximo ano letivo no Distrito
Federal trará novidades. Começou a ser construído, no Guará, o Centro de
Excelência Profissional Articulado, previsto para ser entregue até o começo das
aulas. A intenção é permitir que o aluno da rede pública possa escolher
diferentes trajetos formativos. A unidade de ensino será uma escola técnica,
com três tipos de cursos de formação profissional, com flexibilização de
currículo, desde que atendidos os conteúdos determinados na Base Nacional Comum
Curricular — currículo mínimo para todos os alunos da educação básica no país,
que começou a ser discutido no ano passado.
O sistema será por créditos, assim
como no ensino superior. Outra novidade é a concomitância. O centro será uma
base de apoio para as quatro instituições públicas de ensino do Guará e a da
Cidade Estrutural, atendendo até 2 mil alunos. No novo formato proposto pela
Secretaria de Educação do DF (SEDF), os estudantes poderão, a depender do
curso, do currículo escolhido e das condições da unidade de ensino em que
estuda, desenvolver o curso técnico na própria escola, sempre no contraturno.
As horas demandadas a cada atividade flexível gerarão créditos, que serão
somados às atividades-bases.
“Hoje, os estudantes são
diferenciados apenas pelas notas e pela frequência. Nesse projeto piloto, o
aluno terá componentes curriculares diferentes”, afirma o secretário de
Educação, Júlio Gregório. “Ele que montará a própria trilha, de acordo com o
que mais tem afinidade, respeitando a Base Comum. Poderá desenvolver um
trabalho em cima da obra de Guimarães Rosa ou fazer aulas de basquete de alta
performance, por exemplo”, complementa.
O prédio está sendo erguido entre
as quadras 17/19 do Guará 2 e custará R$ 11,6 milhões, sendo R$ 7,5 milhões
verbas do governo federal. Além dos gastos com a estrutura, o GDF terá de se
preparar para o investimento na mão de obra. Isso porque o ano letivo começou
incerto para os alunos, com deficit de pelo menos 1 mil professores, além de
problemas na negociação feita com o governo para encerrar o ciclo de greves de
2015.
O quadro de docentes do novo centro
ainda não está definido. O que se sabe é que será preciso fazer um concurso
para montar essa equipe. Uma das saídas para o problema seria a utilização de
profissionais do mercado, por um período determinado, o que não faria daquele
profissional um servidor efetivo do quadro da SEDF.
Serão ofertados cursos de técnico
em enfermagem, computação gráfica e finanças integrado à Educação de Jovens e
Adultos (EJA), com duração de três anos. Haverá também uma mudança no formato
da grade. No primeiro e no segundo semestres, os alunos terão mais conteúdos da
educação básica. No terceiro e no quarto, essas disciplinas praticamente se
igualam às flexíveis, escolhidas pelos
alunos por afinidade. Do quinto semestre em diante, prevalecerão as disciplinas
em que o aluno demonstrar mais aptidão. “Esse é o modelo que queremos para o
ensino médio. Hoje, os estudantes passam muito tempo fazendo matérias que não
usarão nunca mais na vida. Dessa forma, ele mudará o conteúdo, diminuirá as matérias,
tudo com orientação, de forma flexível”, observa o secretário.
Mobilidade
No projeto, estão previstos
laboratórios, auditório, praça de alimentação e ginásio coberto. Apenas uma
unidade de ensino do Guará é perto o suficiente para não gastar sequer 5
minutos andando. Das outras, o tempo médio é de 17 minutos a 2 horas, no caso
da Estrutural. A proposta do centro inclui a construção de estações de
bicicletas compartilhadas, a exemplo das usadas em alguns pontos da cidade,
como o Parque da Cidade e a Torre de TV. Outros três projetos de construção de
Centros de Excelência Profissional Articulado estão em fase de licitação para
obras, no Paranoá, em Santa Maria e em Brazlândia. Hoje, há quatro escolas
técnicas no DF: em Planaltina, em Ceilândia, em Taguatinga e no Gama.
A Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do DF (Aspa-DF)
aprovou a construção dos centros e a flexibilização dos percursos formativos no
ensino médio. “É a saída. Teremos milhões de estudantes com um canudo embaixo
do braço e não haverá vaga de emprego para todo mundo. Precisamos de técnicos
em todas as áreas”, pondera Luis Claudio Megiorin, presidente da associação.
Segundo ele, que também é conselheiro do Conselho de Educação do DF, o
modelo desenvolvido no ensino médio, voltado para o vestibular, é ultrapassado.
“O ensino superior não é para todos em nenhum país do mundo. Na França, por
exemplo, há cerca de 18 currículos. No Brasil, um aluno do ensino médio é
considerado um herói. Estuda física, química, matemática, sendo que nem será a
área dele. Aprende muita coisa e não se aprofunda em nada. Esperamos que as
escolas privadas também entrem nesse modelo de cursos técnicos”, sugere
Megiorin.
Austeridade
O governo está impedido de
contratar mais servidores. Em maio deste ano, pelo segundo quadrimestre
consecutivo, os gastos do governo de Brasília com pessoal ficaram acima do
limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (46,55%). O Executivo
comprometeu 47,08% da receita corrente líquida com o pagamento de servidores na
média dos últimos 12 meses. Nos primeiros quatro meses deste ano, R$ 8,8
bilhões foram destinados à folha de pessoal. A receita corrente líquida —
composta por tributos e transferências da União, além da despesa total com
pessoal dos últimos 12 meses — foi de R$ 18,8 bilhões no período.
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