Tem razão um leitor que disse: “O politicamente
correto não muda nossa maneira de ser, apenas faz com que a gente se cale”. Em
nome da onda do politicamente correto muita barbaridade tem sido cometida, uma
boa parte, inclusive, politicamente incorreta.
A laicidade do Estado manda que se
retirem os crucifixos de todas as escolas e prédios públicos. Nas salas de
aula, retiram a imagem de Jesus e em seu lugar colocam-se imagens de Guevara,
Lenin ou Marx.
No carnaval, o desfile de mulheres
nuas em público e transmissão pelas tevês para todo o país é uma manifestação cultural.
Nesse caso, não se discute a proibição do nudismo explícito. Já amamentar o filho
recém-nascido no banco da praça pública é atendado ao pudor. Exemplos como
estes se encontram aos milhões hoje em dia.
O pior é que do silêncio acabrunhado de muitos, alguns poucos se
aproveitam para impor pontos de vistas míopes, de um mundo cada vez mais bizarro.
A sociedade que temos hoje, com
suas qualidades e defeitos, espelha o lar e a escola de origem. A escola representa
a primeira sociedade em que o indivíduo se integra fora de casa. Neste ambiente
muito particular, o indivíduo é ouvinte do mundo. Tudo capta, reproduz a convence
os de casa.
Num mundo ideal, a escola seria a
extensão natural do lar, alargada pelo convívio com os semelhantes. No mundo
real é onde virtudes e vícios se acotovelam como numa feira, cada um com seu
apelo próprio. O fato é que nossas escolas públicas reproduzem muito mais o
pensamento de uma categoria - como grupo
fechado em torno de um sindicato -, do que o pensamento de pais, alunos e
educadores.
Para não contraria a classe, a
orientação pedagógica de nossas escolas prefere o caminho fácil ditado pela
cartilha ideológica sindical que o de se apoiar nas ciências do ensino.
O ocaso das esquerdas no Brasil não
é fato que se deva comemorar. O que se pode festejar, isso sim, é o fim de um
tipo muito especial de esquerda, que busca nivelar e pasteurizar o indivíduo,
moldando-o de acordo com a vontade pessoal de um grupo.
O apoderamento das escolas por
vontade de um grupo sindical e algo danoso e com consequências a longo prazo.
Fazer das escolas, como se tem visto, lugar de proselitismo ideológico e
propaganda partidária tem por finalidade atender apenas uma parte ínfima da
sociedade. Aqui, essa realidade se estende dos pequenos até os universitários.
A laicidade, o sentido de
neutralidade, deve se estender além das questões religiosas e abranger também
questões partidárias. Podem até tirar os crucifixos das paredes, mas é preciso
que sejam retirados também a foice e o martelo. O que se quer são alunos que
pensem com a própria cabeça, vejam com os próprios olhos e andem com os
próprios pés. Isso é educar. Que venham mestres e educadores de verdade com
vontade e talento. Abaixo os professores de palanque.
Retirado da Coluna de ARI CUNHA,
Correio Braziliense, 12 de julho de 2016. Com Circe Cunha.
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