O tema sobre discussão de gênero e
diversidade nas escolas é altamente complexo e está longe de ser consenso. A maior dificuldade em
esclarecer o assunto está nos múltiplos significados que o termo “gênero” pode
receber, inclusive dentro de um mesmo contexto, por exemplo, na educação: o
GÊNERO, como a maioria das pessoas entende, é a correspondência gramatical ao sexo
feminino e masculino (biológico). A criança é gerada e se você fizer um
ultrassom, com sorte, naquele dia, acusará a existência de um pênis ou uma
vagina no bebê.
A grande celeuma dá-se quanto à outra abordagem de gênero,
que é entendida, por alguns, no sentido de um alcance sociológico e
cultural, o qual é desconectado da noção de sexo, ou seja, IDENTIDADE GÊNERO. Em
outras palavras, é o sexo que a pessoa entende pertencer, mesmo que
biologicamente seja diverso, pois ela se sente pertencente ao sexo oposto.
O que os críticos chamam de “ideologia de gênero” vem da ideia de que o ser homem ou mulher é
uma construção cultural e social, sexista, machista e heteronormativa. Dizer
que uma criança quando nasce é menino ou menina é uma imposição tirânica, pois
ninguém nasce do sexo masculino ou feminino. Para essa corrente, uma criança
somente definirá a que sexo pertence ao longo do processo de crescimento e
amadurecimento. E é esta a noção de gênero que se quer transmitir na educação,
passando por uma desconstrução do entendimento clássico, daí a polêmica!
Na ideologia de gênero, não existe somente o gênero masculino
e feminino, mas existe uma diversidade de gêneros. Por essa razão vemos em
alguns meios tanto melindre e a tentativa de anular a existência de macho e
fêmea. Beira-se ao extremo de, ao se referir às pessoas, para não identificar o
sexo, utilizar um “X” ou um “@”no final da palavra, por exemplo: Alunx,
Prezadx, Meninix, ou saudar a um grupo de pessoas com um: bom dia
a todAs e todOs, numa tentativa de ser politicamente correto.
O grande debate fica por conta das questões jurídicas que
podem surgir e já tem surgido, uma vez que os conteúdos mais explícitos sobre a
diversidade de gênero foram retirados do Plano Nacional de Educação (PNE) e do
Plano Distrital de Educação (PDE), respectivamente pelo Congresso Nacional e a
Câmara Distrital. Isso suscitou um debate muito grande por alguns educadores e algumas
entidades civis, pois chamaram o processo legislativo de retrocesso. Vale
lembrar que há ainda questionamentos jurídicos que podem ser feitos sobre a
hierarquia das normas, pressupostos de validade das normas de hierarquia inferiores,
tais como: Resoluções do Conselho Nacional de Educação (CNE) do Conselho de
Educação do DF (CEDF).
Entretanto, para além desse debate, é importante assegurar
direitos para harmonia tanto quanto possível da sociedade, promovendo o respeito
mútuo a todos, mais precisamente entre heteros e homossexuais, sem, contudo
objetivar a anulação da existência de uma das partes, sobretudo, o respeito ao
sexo feminino. Nesse meio estamos nós, como representantes dos pais, até sob o
prisma dos direitos humanos, buscando um ponto de equilíbrio e vemos três
direitos a serem protegidos:
1º) dos pais de alunos
que têm uma formação mais conservadora e, com razão, têm restrições à forma de
abordagem de temas relacionados à sexualidade, ante casos de excessos de abordagens desastrosas por parte de uma minoria de professores despreparados, que adentram ao tema sobre sexualidade, muitas
vezes de forma amadora e improvisada. Um dos exemplos é o que ocorreu numa
escola de Contagem – MG, onde o próprio MEC, da gestão passada, reconheceu que
o tema foi abordado de forma GROSSEIRA e VULGAR (veja
mais);
2º) das mulheres, uma
vez que o Brasil está em 5º lugar, num
ranking de 83 países em número de assassinatos. Somente em 2013, mais de 4 mil
mulheres foram assassinadas, dados de Organização Mundial da Saúde (OMS). ESTRUPROS: Segundo o 9º Anuário
Brasileiro de Segurança Pública 2015, houve 47,6 mil estupros no Brasil em
2014, são 11 estupros por minuto. Isso baseado apenas em 35% de notificações,
sendo que 65% desses crimes não são notificados. Conclui-se que existe uma
maior vulnerabilidade das mulheres;
3º) dos homossexuais, pessoas muitas vezes
marginalizadas, ignoradas e discriminadas por sua orientação sexual (opção
sexual) e, por isso, sofrem violência e morte. Dados não oficiais indicam que
em 2015 houve 318 assassinatos, segundo levantamento de uma organização de homossexuais
da Bahia. Não é possível um país que se intitula de maioria cristã dispense
tratamento desumano a essas pessoas. Evidentemente, muitas dessas mortes têm a
ver com a criminalidade crescente e endêmica em nosso País e a impotência do
Estado em enfrentar de forma eficaz a criminalidade e identificar os crimes de
natureza sexuais.
O debate trava-se entre as pessoas conservadoras, pois nossa
sociedade é conservadora, e as progressistas. Encontrar um ponto de equilíbrio é
uma tarefa hercúlea, a qual não temos nenhuma pretensão em conseguir êxito,
pois ambos os lados têm argumentos sobejos a seu favor. O desafio é descobrir o
meio termo para que a violência tanto contra mulheres, que é crescente, quanto
contra os homossexuais cesse. Nesse meio está a escola como ambiente plural e
transformador da sociedade onde a diversidade está presente.
Sem dúvida, o acirramento desse debate tem um viés ideológico
que é difundido nas escolas e que afeta diretamente os interesses de boa parte
dos pais de alunos, os quais não podem ser ignorados, sob pena de, ao combatermos a intolerância, sermos intolerantes com os outros que julgamos intolerantes. E
é exatamente esse o ponto em que nos encontramos. A diversidade engloba
todos esses atores, inclusive os conservadores, e tem que ser respeitada, não
podemos fechar os olhos para essa realidade e punir nenhuma diferença, seja ela qual for.
Assim, a sociedade tem que encontrar, por intermédio de
diálogo, meios legais, de promover o respeito mútuo na escola e na sociedade
sem impor, a quem quer que seja, determinados comportamentos, características e
estilo de vida. A falta de livros didáticos sérios e despidos de ideologia e da
formação continuada para os professores é uma grande barreira para avançarmos.
Eis os grandes desafios impostos pelo exercício da tolerância, respeito aos
direitos humanos e a convivência pacífica na sociedade na discussão de gênero e
da diversidade nas escolas públicas e privadas do DF.
Luis Claudio Megiorin, advogado, Diretor-Presidente da ASPA-DF e
Conselheiro no Conselho de Educação do DF.
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O que é a ideologia de gênero que
foi banida dos planos de educação afinal?
Izabelle Mundim Do UOL, em São
Paulo 11/08/201512h37. Clique>
Por pressão, planos de educação de
8 Estados excluem 'ideologia de gênero'
O que é “ideologia de gênero”?
GAZETA DO POVO
Termo que faz referência a conceitos sexuais é pouco conhecido do público
e voltou ao debate político na elaboração dos planos de educação. Jônatas Dias
Lima [13/06/2015] [15h00]
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Texto fantástico!! Aborda de uma maneira sensível,clara e respeitosa.Elucidando os aspectos reais.Creio que todos nós,independente de qual gênero ou ideologia pertencemos,temos de nos desarmarmos e atentarmos para que a convivência harmônica prevaleça.Sem imposições,sem violações e abusos.Parabéns à ASPA tão bem representada pelo Sr.Luis Cláudio.
ResponderExcluirMuito bom a ASPA se posicionar sobre este tema. Os pais não podem ficar calados enquanto as escolas querem impor ideologias que atentam contra a Realidade. Não é questão de moralidade, mas respeito com a percepção da realidade. Não dá pra conversar com anão olhando para cima só pro cara não se sentir triste por ser baixinho.
ResponderExcluirMuito bom a ASPA se posicionar sobre o tema. Não dá para os pais ficarem calados quando querem ensinar ideologias para seu filhos que atentam contra a Realidade. Não é questão de moralidade, mas de percepção da Realidade. Não dá pra conversar com anão olhando para cima para que ele não se sinta triste por ser baixinho.
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