#EstuproColetivo
Estou profundamente angustiado. Como
pai, sinto uma enorme dor só de imaginar o martírio que essa menor passou na
mão de 33 marginais que, sem dó ou piedade, torturaram-na de forma cruel.
Quanto a esses marginais, para falar menos, penso que a castração seria pouco.
Quanto à menina que se fez mulher
já aos 13 anos de idade, gostaria de tecer algumas observações. Já de pronto,
não a culpo por esse episódio grotesco, entretanto, não posso deixar de
levantar a culpa de alguns atores e situações que, direta ou indiretamente, contribuíram
par essa tragédia.
Algumas conjecturas dos bastidores
da vida dessa menina que, se não for exatamente assim, não está muito longe da realidade vivida por milhões de adolescentes:
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1 – A menina tinha pais e
familiares, mas é como se não os tivesse, pois aos 13 anos deu à luz a outra
criança. Logo, engravidara entre 12 e 13 anos! Então, tinha uma liberdade
anormal para a sua idade, não sendo
capaz de gerenciá-la.
2 – Certamente, a menina não
completou seus estudos, pois foram interrompidos por uma gravidez precoce e,
mesmo se não fosse a gravidez, também teria dificuldades impostas pelo Estado e
pela ambiência em que vive.
3 – A menina desde cedo era
embalada pelos bailes funks, típicos da periferia, onde a lascívia, o sexo
precoce e as drogas andam juntos, arrastando milhares de jovens para um destino
incerto.
4 – Conhecera vários jovens com a
mesma formação moral e, por último, esse marginal de 20 anos com quem se
relacionava e até tinha liberdade/oportunidade de dormir onde e com quem
quisesse e os pais estavam alheios, mais uma vez, aos perigos que a circundavam.
Enquanto isso, os avós cuidavam de seu filho e isso o farão por mais alguns 7
anos apenas. Depois será jogado no mundo assim como sua mãe.
5 – Sem oportunidades, pois fora
abandonada pelo Estado, como tantos milhões de jovens brasileiros, somente o
que lhe restava era namorar, pois, afinal, esse seria o momento propício para
iniciar a sua experiência de uma mulher em formação, não de ser mãe,
trabalhadora.
Nenhuma grande tragédia ocorre
baseada em um só evento, nenhuma! Todas as grandes tragédias, desde as pessoais
ou até grandes desastres, têm uma cadeia de motivos que comina com a eclosão de um resultado
devastador. É como o efeito dominó.
Fico estarrecido que no meio onde
vivo, de classe média, muitos pais dão liberdade além do que deveriam aos seus
filhos pré-adolescentes. Muitas crianças de 11 e 12 anos já frequentam
baladinhas e saem de casa às 23 horas, horário em que deveriam estar chegando.
Então, em alguma medida isso não é só “privilégio” dos pobres e desamparados pelo
Estado.
Soube de um caso recente, numa
escola de primeira linha, quando uma menina de 13 anos transou com uma dezena
de outros adolescentes, numa espécie de roleta russa sexual. Coisas como essa
parecem estar tão longe da classe média e nosso senso comum distorcido às vezes
nos leva a pensar que só os pobres estão vulneráveis.
Por
fim, a vulnerabilidade de nossas crianças e adolescentes é fruto de lares
desatados, de pais lenientes e permissivos, que não dão atenção e não têm
vigilância mínima de seus filhos. Estão envoltos em suas vidas e enlouquecidos
com as questões mundanas e não passam valores e disciplina, pois não os têm. O
triste desfecho dessa menina de uma favela do Rio aguarda a muitos da classe
média, com algumas variações, mas os aguarda.
DOS RESPONSÁVEIS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Constituição Federal: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
DOS RESPONSÁVEIS DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Constituição Federal: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Luis Claudio Megiorin, advogado, presidente da ASPADF e Conselheiro no Conselho de Educação do DF
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