foto: Reprodução/facebook |
UNIVERSIDADES PÚBLICAS:
TERRA DE NINGUÉM
O violento assassinato de mais uma
universitária, desta vez ocorrido dentro de um laboratório de biologia da
Universidade de Brasília, mostra que as universidades no Brasil são territórios
onde a liberdade é confundida com libertinagem e a segurança está longe de ser
um pressuposto mínimo para assegurar a integridade física e moral dos nossos
filhos.
Infelizmente, os anos de repressão
do regime militar deixaram sequelas difíceis de serem apagadas na cultura que
impera nos campi das universidades públicas brasileiras. A repressão de outrora deu lugar à extrema liberdade, inclusive de uso de álcool e drogas no ambiente
acadêmico, o que é inaceitável. A presença da polícia causa ojeriza entre os
estudantes baderneiros.
Nossa atuação tem sido monitorar
todas as instituições de ensino do DF, da creche à universidade, simplesmente
pelo motivo de que nossos filhos não deixam de ser nossos filhos quando
ingressam numa universidade, que é mantida com a pesada carga tributária através dos impostos que pagamos.
É bom lembrar que foi por causa
desse princípio e porque os DCEs, grêmios estudantis e entidades representantes
de estudantes, são sempre parciais, que a ASPA ingressou em 2012 com
uma representação no MPF/DF contra os trotes violentos na UnB, que à época vitimaram dois alunos que entraram em coma
alcoólico. A ação teve um efeito benéfico e já é o terceiro ano sem trotes
violentos nos campi da UnB.
Os pais de alunos investem tempo,
dinheiro, sonho e emoção na formação dos filhos a fim de lhes proporcionar um futuro
melhor. Infelizmente, talvez muitos de nós não invistamos o suficiente para coibir
comportamentos agressivos e desrespeitosos dos filhos e entregamos às universidades alunos despreparados e
perniciosos à convivência social.
Tenho certeza que os pais de Louise, assim como eu, investiram carinho, amor e a prepararam para que conquistasse o
sonho dela e da família em ingressar na UnB. Entretanto, não sabiam que a
diferença entre uma universidade pública e uma privada vai muito além da “gratuidade”. Salta aos olhos o descontrole da ordem, segurança,
higiene e infraestrutura que se tem numa universidade pública no Brasil.
Hoje, muitos pais pensam duas vezes ao enviar os filhos para a UnB, até porque a segurança é um quesito que está
pesando muito. Logo, cada vez mais tememos que, a continuar como estão, muito
em breve as universidades públicas declinarão de vez a qualidade do ensino e
infraestrutura decadente que já agoniza por causa dos cortes bilionários na
educação feito pelo governo federal recentemente.
Continuamos a temer pela
insegurança e qualidade de vida dos estudantes dentro dos campi da UnB. O assassinato
de Louise mostra que a segurança dentro das universidades é o calcanhar de
Aquiles das reitorias. Lá, como nas escolas públicas, entra quem quer, a hora
que quer, onde quiser, faz-se o que quer, sem se ser molestado e sequer
monitorado.
Esperamos mais rigor nas
circunstâncias do crime e que sejam apuradas as responsabilidades concorrentes.
Não é possível admitirmos que a entrada de alunos sem o devido monitoramento
seja permitida dentro que qualquer instalação da universidade, principalmente
em ambiente onde existam matérias que possam ser utilizadas para o cometimento
de atos ilícitos.
Há grande responsabilidade da UnB
nesse assassinato. Isto porque a
Jurisprudência dos nossos tribunais é no sentido de que as instituições de
ensino são responsáveis pela integridade física e moral de seus estudantes, enquanto
estes estiverem dentro de seus domínios.
Queremos uma comunidade acadêmica
disciplinada e ordeira, nos exatos limites da lei. Queremos que nossas universidades
públicas, que não são gratuitas, pois são mantidas por nossos tributos, sejam respeitadas
pelo governo federal que lhes impõe pesado corte de verbas.
Afinal, a universidade não pode
ser um território neutro, uma terra de ninguém. Que a morte prematura de Louise,
um pesado exemplo, sirva para que voltemos nossos olhos para a formação
final de nossos filhos. Exigimos mais monitoramento dos campi e a presença
constante da polícia na UnB. Exigimos a expulsão sumária do assassino e de elementos que podem comprometer a paz e segurança nessa instituição de ensino. Só assim teremos a tranquilidade de enviarmos para
a UnB o que temos de mais precioso na vida, nossos filhos.
Luis Claudio Megiorin, advogado, presidente da ASPA-DF e Conselheiro no
Conselho de Educação do DF – CEDF.
Saiba mais em:
Correio Brasiliense>
Jornal de Brasília>
G1>
Saiba mais em:
Correio Brasiliense>
Jornal de Brasília>
G1>
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA A ASPA.
POR GENTILEZA,ENVIE UM E-MAIL PARA: aspadf11@gmail.com PARA FUTUROS CONTATOS.
GRATOS.