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sábado, 12 de março de 2016

MORTE NA UnB - UNIVERSIDADES FEDERAIS: TERRA DE NINGUÉM

foto: Reprodução/facebook
UNIVERSIDADES PÚBLICAS:
TERRA DE NINGUÉM

O violento assassinato de mais uma universitária, desta vez ocorrido dentro de um laboratório de biologia da Universidade de Brasília, mostra que as universidades no Brasil são territórios onde a liberdade é confundida com libertinagem e a segurança está longe de ser um pressuposto mínimo para assegurar a integridade física e moral dos nossos filhos.

Infelizmente, os anos de repressão do regime militar deixaram sequelas difíceis de serem apagadas na cultura que impera nos campi das universidades públicas brasileiras. A repressão de outrora deu lugar à extrema liberdade, inclusive de uso de álcool e drogas no ambiente acadêmico, o que é inaceitável. A presença da polícia causa ojeriza entre os estudantes baderneiros.


Nossa atuação tem sido monitorar todas as instituições de ensino do DF, da creche à universidade, simplesmente pelo motivo de que nossos filhos não deixam de ser nossos filhos quando ingressam numa universidade, que é mantida com a pesada carga tributária através dos impostos que pagamos.

É bom lembrar que foi por causa desse princípio e porque os DCEs, grêmios estudantis e entidades representantes de estudantes, são sempre parciais, que a ASPA ingressou em 2012 com uma representação no MPF/DF contra os trotes violentos na UnB, que à época vitimaram dois alunos que entraram em coma alcoólico. A ação teve um efeito benéfico e já é o terceiro ano sem trotes violentos nos campi da UnB.

Os pais de alunos investem tempo, dinheiro, sonho e emoção na formação dos filhos a fim de lhes proporcionar um futuro melhor. Infelizmente, talvez muitos de nós não invistamos o suficiente para coibir comportamentos agressivos e desrespeitosos dos filhos e entregamos às universidades alunos despreparados e perniciosos à convivência social.

Tenho certeza que os pais de Louise, assim como eu, investiram carinho, amor e a prepararam para que conquistasse o sonho dela e da família em ingressar na UnB. Entretanto, não sabiam que a diferença entre uma universidade pública e uma privada vai muito além da “gratuidade”. Salta aos olhos o descontrole da ordem, segurança, higiene e infraestrutura que se tem numa universidade pública no Brasil.

Hoje, muitos pais pensam duas vezes ao enviar os filhos para a UnB, até porque a segurança é um quesito que está pesando muito. Logo, cada vez mais tememos que, a continuar como estão, muito em breve as universidades públicas declinarão de vez a qualidade do ensino e infraestrutura decadente que já agoniza por causa dos cortes bilionários na educação feito pelo governo federal recentemente.

Continuamos a temer pela insegurança e qualidade de vida dos estudantes dentro dos campi da UnB. O assassinato de Louise mostra que a segurança dentro das universidades é o calcanhar de Aquiles das reitorias. Lá, como nas escolas públicas, entra quem quer, a hora que quer, onde quiser, faz-se o que quer, sem se ser molestado e sequer monitorado.

Esperamos mais rigor nas circunstâncias do crime e que sejam apuradas as responsabilidades concorrentes. Não é possível admitirmos que a entrada de alunos sem o devido monitoramento seja permitida dentro que qualquer instalação da universidade, principalmente em ambiente onde existam matérias que possam ser utilizadas para o cometimento de atos ilícitos.

Há grande responsabilidade da UnB nesse assassinato. Isto porque a Jurisprudência dos nossos tribunais é no sentido de que as instituições de ensino são responsáveis pela integridade física e moral de seus estudantes, enquanto estes estiverem dentro de seus domínios.

Queremos uma comunidade acadêmica disciplinada e ordeira, nos exatos limites da lei. Queremos que nossas universidades públicas, que não são gratuitas, pois são mantidas por nossos tributos, sejam respeitadas pelo governo federal que lhes impõe pesado corte de verbas.

Afinal, a universidade não pode ser um território neutro, uma terra de ninguém. Que a morte prematura de Louise, um pesado exemplo, sirva para que voltemos nossos olhos para a formação final de nossos filhos. Exigimos mais monitoramento dos campi e a presença constante da polícia na UnB. Exigimos a expulsão sumária do assassino e de elementos que podem comprometer a paz e segurança nessa instituição de ensino. Só assim teremos a tranquilidade de enviarmos para a UnB o que temos de mais precioso na vida, nossos filhos.  


Luis Claudio Megiorin, advogado, presidente da ASPA-DF e Conselheiro no Conselho de Educação do DF – CEDF.

Saiba mais em:

Correio Brasiliense>

Jornal de Brasília>

G1> 

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