A EDUCAÇÃO NO DF PODERIA
ESTAR BEM PIOR
Escolas não fecham, transformam-se!
Centro de Educação Infantil em Brazlândia DF. Foto: LCM |
Há dias temos visto pequenos lances sobre a reestruturação
da educação em São Paulo, mas não tinha parado para pensar e entender bem o
que se pretende por lá. Vemos o sindicato dos professores e a Une promoverem ocupação
em escolas e um movimento de resistência que parece não ter mais fim. Ontem,
chamou a nossa atenção ver uma escola
totalmente destruída em Osasco.
Afora toda essa resistência, que não contribui em nada para o
debate, vale fazermos uma análise bem longe do calor dos acontecimentos. A
ideia é dividir as escolas para que o atendimento e espaços sejam otimizados de
acordo com o ciclo escolar e idades: Fundamental I (1º ao 5º), Fundamental II (6º
ao 9º) e Ensino Médio. Dessa forma, pretende-se evitar a mistura de alunos e
melhorar os espaços de convivência. CONTINUE LENDO!
Essa reestruturação pretende permitir, por exemplo, que as
escolas sejam mais atraentes para os alunos do 1º ao 5º, inclusive com decoração
dos espaços de acordo com a idade, pois o que pode ser muito estimulante para
essa faixa etária será muito infantil para as outras!
Há reclamação e acusação de que algumas escolas serão
fechadas. Contudo, temos que ver que, segundo o governo de São Paulo, existem
escolas subutilizadas diante da baixa taxa de natalidade e as escolas têm
perdido nos últimos anos cerca de 2 milhões de alunos. Pelo
que vemos, muitas escolas serão transformadas em municipais, creches, escolas
de ensino técnico, em EJA e centros de língua e isso será um ganho para a
comunidade escolar.
Centro de Educação Infantil de Brazlândia |
Visita à escolas de Brazlândia 2014 |
Não há nada de novo na ideia, pois essa concepção é de Anísio
Teixeira e nós, pais e alunos do DF, já estamos acostumados com ela há 54 anos!
Nossas escolas públicas, ao contrário de muitas escolas privadas, têm espaços
diferenciados e melhor aproveitado.
Aqui temos as Escolas Classes com atendimento do
1º ao 5º, as escolas de ensino fundamental CEFs do 6º ao 9º e os Centros de
Ensino Médio. E ainda temos as Escolas Parques projetadas para uma maior
convivência e interação com esporte, atendendo o público do fundamental.
Dessa forma, as escolas do DF, principalmente as do Plano
Piloto, possuem espaços reduzidos e não poderiam abrigar alunos de outros
ciclos. Infelizmente, alguns CEFs possuem atendimento de crianças com distorção
idade/série que já trouxe muitos problemas para os pais e alunos. Um exemplo
recente foi o CEF 316 Norte, no ano passado, pois no meio desses alunos não é
incomum termos menores em conflito com a Lei.
Sala de aula Escola Classe Inca 06 Brazlândia |
No entanto, vale lembrar aos nossos amigos paulistas que essa
divisão, muito embora possa trazer, num primeiro momento, um transtorno para os
pais de alunos que têm filhos de várias faixas etárias, e isso os pais do DF
também se veem às voltas, traz um fator muito salutar para o desenvolvimento e
segurança dos alunos.
É claro que não há situação ideal. Nem tudo é perfeito e
novidades trazem incômodo. Há ainda os saudosistas que reclamam que com a
ruptura do modelo atual os alunos perderão a referência de se formar
integralmente em uma escola.
Assim, vemos que no DF a situação poderia ser bem pior,
principalmente em termos de violência escolar, não fosse essa estrutura. Hoje
não temos mais monitores para acompanhar os alunos nos intervalos. Em muitas
escolas privadas a preocupação dos pais é grande com possível acesso de alunos
mais velhos com alunos do fundamental I, por exemplo. Dessa forma, os espaços em
uma escola devem ser otimizados e monitorados todo o tempo.
Além disso, os governos tanto do DF quanto de São Paulo devem
melhorar o acesso às escolas com um transporte escolar eficiente e seguro, minimizando
os impactos de mobilidade dos pais e alunos. No mais, vemos que os governos têm
que abrir espaços para discutir suas ideias com a comunidade escolar até para
evitar transtornos e levantes como esse que só trazem desgastes para ambos os
lados, principalmente disputas políticas.
Luis Claudio Megiorin, Presidente da ASPA e Conselheiro do
CEDF
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