ENEM DEFINE MATRÍCULAS

RESULTADOS ENEM 2014

Muito embora o INEP venha, há anos, tentando dissociar o ranking das escolas da medição de qualidade de ensino, isso pouco importa para os pais de alunos que estão cansados da exploração de mensalidades escorchantes sem a contrapartida de resultados práticos. No DF, boa parte dos pais são antenados e acabam pulando de galho em galho em busca de uma segurança maior para o extorsivo investimento.

Chamou a nossa atenção a seguinte matéria do Uol Educação: Enem 2014 por Escola: quase metade das escolas 'reprova' em redação. Ora, quando uma escola vai mal em redação, isso é facilmente diagnosticado pela metodologia que deve ser aplicada com vistas a resultados práticos. Redação é prática e quanto mais se escreve mais se aprimora a arte de escrever. É assim também em matemática e outras matérias. Não existe mágica!

Um pai nos contou a seguinte realidade: que seu filho, ano passado, no 4º ano, fez 46 redações ao longo do ano. Já este ano a escola, que tirou nota em redação 655,37, também reduziu o ritmo, até o momento, e ele só fez 14 redações! Enquanto isso, sua filha, no 8º, em 2014, fez cerca de apenas 9 redações! Como essa escola pretende melhorar a qualidade e se posicionar nesse ranking? Como não medir objetivamente dados como esses comparando com o pífio resultado?
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Particularmente, acho um massacre o que fazemos com os alunos no ensino médio. Assim, no Brasil, na verdade, existem três etapas no ensino básico: Educação infantil, Fundamental I, Fundamental II e a terceira, Preparatório para o vestibular, que é feito em 3 anos ou, em apenas 2 anos, ficando o 3º ano apenas para revisão geral e simulados. Infelizmente a preparação para vida fica apenas até o 9º ano, lamentável!

Sinto muito, Sr. Ministro da Educação e Presidente do INEP, se reina o pragmatismo e o ganha-ganha por parte das escolas privadas, existe também por parte dos pais de alunos um olhar diferenciado sobre o ENEM e seus resultados. Impossível, portanto, dissociar objetivamente os resultados pretendidos e o ranking por escola. Entretanto, outros elementos, na hora de escolher a escola, devem ser levados em conta que não só o ENEM.

Como disse o Ministro ao G1: "Um único ranking produz uma noção distorcida da realidade. Do ponto de vista do indivíduo, a divulgação do Enem é uma pauta de serviço para auxiliar as famílias na escolha da escola. Isso tem ajudado as famílias a cobrar desempenho melhor das escolas, explicou o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Nós queremos dar os dados do Enem, mas mostrar que eles não são absolutos, podem ser interpretados de formas diferentes. O pai não pode só olhar o ranking puro do Enem ao matricular o filho na escola." (grifamos)

Sempre fomos entusiastas do Enem. Sabemos que a prova não mede fielmente a qualidade de uma escola, mas como sempre dissemos, dá uma boa dica para nortear minimamente a escolha da escola. Tudo tem a ver com os ideais e expectativas da família com relação ao futuro dos filhos e, logicamente, com o perfil da criança ou adolescente. Lamentamos que a escola pública ainda esteja à parte desse debate. Isso é especialmente ruim, pois o foco fica mesmo na educação privada que não para de crescer no Brasil com investimentos internacionais, inclusive, do Governo de Cingapura. Um verdadeiro contrassenso, pois se trata do país com a melhor educação pública do mundo, segundo o último PISA!

Comparamos os estudos com o preparo para uma maratona. Ninguém sai de uma caminhada ou trote para uma maratona. É preciso um preparo crescente de esforço. O condicionamento só vem com estímulo adequado até o atleta estar apto a correr uma maratona inteira até o final. Por essa razão, a melhor escola é aquela que consegue condicionar o aluno aos estudos como se condiciona um atleta para uma maratona, infelizmente a maioria das escolas não age assim. Então, conclui-se com a velha máxima: são 2% de talento e 98% de transpiração!

Por fim, lembramos que o DF é a unidade da Federação com maior privatização do ensino, proporcionalmente, estamos muito mal de escolas. Não temos escolas de excelência, com exceção de uma que figura entre as 20 melhores, mas essa escola não tem como absorver a demanda crescente por escolas com bons resultados. Se expandir demais, acontecerá o que ocorreu com as escolas mais tradicionais do DF, a qualidade cairá, pelo simples fato de não se ter professores com boa formação à toa! Mais que espaço físico e um bom projeto pedagógico, a falta de bons professores é uma barreira para expansão das melhores escolas, pois é quase impossível manter a qualidade dos professores com um número grande de alunos. E como mostrado pelos resultados do ENEM, as escolas que figuram nos primeiros lugares têm menor número de alunos.

Luis Claudio Megiorin Presidente da ASPA e Coordenador da CONFENAPA

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OBS; No levantamento do G1 e UOL, foram apenas consideradas as médias das provas objetivas. Já o Correio Braziliense considerou a média de todas as provas, inclusive a de redação.