Correio Braziliense, 03/06/2015 |
INVESTIR NA EDUCAÇÃO OU CONSTRUIR MAIS PRESÍDIOS?
EIS A QUESTÃO!
EIS A QUESTÃO!
Essa é a pergunta estampada no
cartaz quase inocente dos estudantes, menores de idade, alheios à questão da
violência avassaladora no Brasil, estampada no Correio Braziliense de hoje,
matéria de Marcella Fernandes e Julia Chaib, sobre a votação da PEC que reduz a
maioridade penal.
É inegável que há um clamor
popular pela redução da maioridade penal. É óbvio também que a mera redução da
idade penal não resolverá o problema da violência. Os congressistas e a
sociedade sabem disso, a solução não é mágica. Entretanto, lá no fundo,
pensamos: do jeito que está não dá pra ficar.
Mas não basta construirmos mais
presídios e unidades socioeducativas. Temos que assegurar que a dignidade da
pessoa humana seja mantida nos dois ambientes e que a ressocialização, principalmente,
por meio do trabalho obrigatório, seja um direito e não um privilégio para
poucos. Os presos têm que pagar por sua estada na prisão, assim como o menor
infrator tem que estudar e mostrar resultados durante seu recolhimento.
Talvez a redução da maioridade
penal não deveria ser feita neste momento, mas uma reforma do ECA, Estatuto da
Criança e do Adolescente, assegurando um período de internação bem maior na
medida do ato ofensivo à Lei. Há quem comemore antecipadamente a redução: os
menores com 16 anos que poderiam ser habilitados a dirigir, como ocorre nos EUA
e em outros países. O grande entrave disso, hoje no Brasil, é a
inimputabilidade penal.
Ora, um menor de idade emancipado
pode ser empresário, investidor na bolsa de valores, pode até adquirir a
emancipação ao colar grau em curso superior, conforme o autoriza o Código Civil, art 5º. Como não poderia, por exemplo, responder por um crime? Imaginem o
estrago que um menor empresário poderá fazer na sociedade se tivesse uma gestão
temerária em seu negócio!
É lógico que os menores já têm a
maior responsabilidade que um cidadão pode ter que é votar. Isso pode fazer um
estrago muito grande numa nação, pois se não são capazes de entender o caráter
da ilicitude de um crime, como podem entender a complexidade de eleger um
presidente da república ou congressistas?
Por outro lado, a redução da
maioridade penal não pode ser vista como um tabu, um dogma ou uma cláusula
pétrea. Teme-se colocar menores de idade com bandidos comuns em presídios.
Claro que isso seria uma irresponsabilidade terrível do Estado. Há formas de evitar
isso.
A questão de segurança pública
tornou-se insuportável em todo o Brasil. No dia 27 junho, o CB publicou uma
reportagem sobre o sistema prisional do DF, que não perde para nenhum Estado
brasileiro. São cerca de 14mil presidiários onde deveriam estar apenas 7mil. Entretanto,
a matéria deixou de abordar que temos mais de 8mil mandados de prisão para
serem cumpridos, segundo o Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Não temos
os dados quanto aos menores infratores.
E nem pensar em soluções de
rodízio de presos e de socieducandos como ocorre corriqueiramente para disponibilização
de vagas. Vale atentarmos para declaração do Promotor do Núcleo de Controle e
Fiscalização do Sistema Prisional, Marcelo Teixeira, dada ao Correio
Braziliense, Teixeira alertou para os cuidados com a superlotação das unidades.
Ele acredita que a solução não é amenizar ou relaxar o cumprimento das penas:
“A pena não é só para ressocializar, mas para que a pessoa pague pelo
que fez e tenha o sentimento do erro que cometeu, e a vítima ou a família dela
tenha certeza da Justiça”, ressalta Marcelo Teixeira. “O Brasil nunca teve uma
política prisional adequada. Não quero ter a pretensão de ter a solução do
sistema prisional brasileiro. Temos muitos presos porque a quantidade de crimes
é enorme. Então, temos que construir mais unidades prisionais. E estamos
em constante interlocução com o governo para melhorarmos essa situação” (grifamos)
Então, a resposta à pergunta
feita não é outra senão: as duas! Temos que construir mais escolas e, pari
passo, mais presídios! Isso porque o investimento em educação é de longo ou longuíssimo
prazo. Enquanto o investimento em segurança pública deve ser de curtíssimo
prazo, sob pena de continuarmos a ter nossas escolas invadidas por bandidos,
delinquentes que estão pondo a perder todos os esforços da comunidade escolar e
do governo em ter uma educação de qualidade.
Por Luis Claudio Megiorin, advogado, presidente da ASPA-DF e Membro dos fóruns Nacional e Distrital de Educação
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