DF RECORD |
Ontem, mais uma vez, tivemos a oportunidade de falar sobre a
questão da violência escolar, ao vivo, no DF Record (Clique). Não faz muito tempo
falamos sobre a questão no CBN Comunitária. Em ambas as oportunidades,
esboçamos nosso entendimento, que vai além de apenas termos mais policiamento
nas escolas.
A questão é muito mais complexa do que apenas uma análise
superficial que não dá conta da complexidade que envolve a questão. Além, é
claro, das questões socioeconômicas que envolvem o assunto. Pôr o dedo na
ferida é o nosso papel, pois não somos governo e não temos amarras e pudor em
apontar o que o governo, a polícia, bem como os educadores têm receio.
O caso do assassinato do jovem de 19 anos chocou a comunidade
escolar da CE 06 de Taguatinga e põe em cheque a capacidade da Segurança
Pública em promover a paz e a sensação de segurança para pais, alunos e
professores. É inegável que a comunidade escolar está cada vez mais refém da violência
que é levada para dentro das escolas públicas e até privadas do DF. Essa morte
poderia ter sido evitada, pelo menos dentro de uma escola. Agora a escola está
marcada e estigmatizada pela violência sofrida.
CONTINUE LENDO!
REPETÊNCIA ESCOLAR
A repetência escolar é a base o iceberg, a atuação da Segurança
Pública é o meio e a violência que emerge é a ponta! Ora, negar isso é querer
não ver que a má qualidade do ensino público retroalimenta a violência na
sociedade, pois a má formação ou a formação tardia causa o desemprego e gera
desalento às crianças, adolescentes e jovens. Sem esperança e sem vislumbrarem
um lugar ao sol, entregam-se às drogas e à criminalidade precocemente.
Hoje, na edição do Correio Braziliense, a questão subjacente ao
assassinato foi posta. Há uma apreensão enorme da comunidade escolar com alunos
repetentes que vão fazer o EJA (Educação de Jovens e Adultos), principalmente
na segunda etapa do EJA em que são alunos repetentes de 15 a 18 anos. Grande
parte desses alunos são menores problemáticos, que têm passagem pela polícia e
já cumpriram medidas socioeducativas e muitos não foram ressocializados,
como é de se esperar de um sistema falido que, muitas vezes, piora o sócioeducando
ao invés de devolvê-lo à sociedade melhor do que entrou.
A direção das escolas não fica sabendo da vida pregressa desses
jovens, pois isso é ocultado pelas autoridades. Quando dão por conta,
veem que estão lidando com pessoas que muitas vezes não querem nada com os
estudos. Muitos desses jovens vão às escolas e ali
fazem crescer a sua network de venda e consumo de drogas. Muitos diretores,
como o do CESAS, por exemplo, temem por suas vidas, pois são ameaçados constantemente
por esses delinquentes
BATALHÃO ESCOLAR
Essa corporação tão importante para a Comunidade Escolar está
encolhendo rapidamente. Quando foi criado, o seu efetivo era de cerca de 1200.
Hoje, se tiverem 400 é muito. Atualmente temos cerca de 1150 escolas, entre
públicas e privadas. Exigir policiamento em tempo integral é impossível, a
questão é matemática. Seria necessário quintuplicar o número do efetivo para
que houvesse a cobertura em ao menos dois turnos, dia e noite.
REINCIDENTES
Não é preciso ser especialista para saber que a questão de
insegurança no DF tem a ver com a maioria dos crimes, dentro e fora da escola, é
cometida por reincidentes. Daí emerge
outra questão: a leniência do Código Penal e a falência dos sistemas prisional
e socioeducativo que não ressocializam, tampouco são capazes de manter fora do
convívio social elementos nocivos à sociedade.
Nesse contexto, a polícia também é refém; é um prende e solta
frenético. Alias, existem atualmente inúmeros mandados de prisão e apreensão de
adultos e menores sem serem cumpridos. A solução é fazer rodízio. Uns são
postos para fora do sistema para outros entrarem. A verdade é que hoje a
policia e o MP enxugam gelo. Eles prendem e a Justiça solta, a conta não fecha.
NAS ESCOLAS, ENTRA QUEM
QUER E QUANDO SE QUER!
Outro problema que podemos perceber é que as escolas também
estão vulneráveis, por um simples problema: não há controle da entrada de pais
e alunos. Assim, é fácil que qualquer pessoa bem ou mal intencionada adentre ao
ambiente escolar sem sequer ser notado.
É preciso investimento urgente para dotar as escolas de
segurança de acesso. Muros, grades e sistema eletrônico de entrada e saída são
imprescindíveis para que pais e as escolas tenham controle da movimentação dos
seus alunos.
ESCOLAS PRIVADAS
A segurança nas escolas privadas também não é lá essas coisas.
Os empresários não investem em segurança e em muitas escolas o acesso também é
fácil. É possível em diversas escolas entrar
e sair sem ser notado. Não é incomum as escolas não terem vigias fixos, pois
terceirizam essa mão de obra, o que acaba por fragilizar a segurança. Cada dia
é uma cara nova desse pessoal nas escolas.
Diante disso, a ASPA irá novamente ao governo pedir o que já
pedimos no governo anterior: a recomposição
do Batalhão e controle de acesso na entrada das escolas públicas. Iremos
também pedir ao SINEPE, Sindicato das escolas, que oriente sobre a importância
desse controle também nas escolas privadas.
Luis Claudio Megiorin, Advogado e Presidente da ASPA
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