Há
décadas existe uma queda de braços entre pais, alunos e instituições de ensino
básico e superior quanto aos aumentos anuais das mensalidades. Hoje não existe
mais o tabelamento e controle de preços, o mercado tem sido capaz, em alguma
medida, de fazer esse controle. Entretanto, quando falamos em EDUCAÇÃO, não
estamos pensando em MERCADO, ao contrário do que pensam os exploradores desse
setor. Vejam a declaração da representante do SINEPE, ao Correio Braziliense,
em 21/06/11, quando o Sigma comprou o colégio Inei:
“A
presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito
Federal (Sinepe-DF), Amábile Pacios, avalia que a transação reflete o dinamismo
do mercado educacional em Brasília. Segundo ela, o aquecimento do mercado
educacional acaba prejudicando escolas menores.“Daqui para a frente podem
ocorrer novas fusões, embora não tenhamos nada de concreto previsto. O
Sigma, neste momento, estava em uma posição em que precisava recuar ou avançar
e a escola fez sua escolha”, pondera.
Sempre
ouvimos dos empresários da educação que o “mercado da educação no Brasil",
está aquecido e que é promissor e tem potencial de crescimento, assim falou o
comprador do Sigma e Motivo do Recife. http://goo.gl/E16EpQ.
Ora, não ouviríamos isso se não houvesse uma lucratividade extremamente
atrativa no setor. A verdade é que, recentemente, o jornal Valor Econômico
apontou uma lucratividade das instituições de ensino privadas entre 40 a 60%. Mas
quais os motivos que levam a essa lucratividade?
Apontamos
dois motivos preponderantes: o primeiro é que inexoravelmente a educação pública,
básica e superior estão falidas e a cada ano há queda na qualidade de ensino,
quer por falta de investimentos governamentais, quer pela expansão e
universalização do acesso que, sem dúvida alguma, sobrecarrega o sistema de
ensino público diminuindo a qualidade do ensino.
Noutro
giro, apontamos o segundo motivo que é consequência direta do primeiro: a
expansão do ensino privado. Fusões e compras de grandes escolas e faculdades por
poderosos grupos econômicos e Fundos de investimentos alienígenas, demonstram que
investidores estão como abutres de olho no decadente e moribundo ensino público
brasileiro. Agora, as cabeças dos estudantes brasileiros são negociadas na
bolsa de valores. http://goo.gl/w9OGys
Essas
razões, por si só, dão o tom de que será difícil o controle desse poderoso
setor que conta com a ajuda de muitos parlamentares no Congresso Nacional e até
do próprio Governo Federal que, só no ano passado, comprou nada mais nada menos,
que 245 milhões de livros didáticos da Abril Educação, recém comprada pelo
Fundo de investimento internacional, o TARPON. Não é preciso dizer que esses
investidores irão sugar o máximo de nós, pais e alunos visando a maximização da
lucratividade e o pior de tudo sem a contrapartida da qualidade da educação. http://goo.gl/Fh73uv
Agora
o governo está provando do seu próprio veneno, tenta controlar as mensalidades
das faculdades privadas, pois o programa o Financiamento Estudantil – FIES está
em crise. Ora, era de se esperar que a farra das faculdades privadas fosse
fazer um estrago, cedo ou tarde, no FIES e no bolso dos pais e alunos. Isto
porque, assim como o ensino básico que aumenta as mensalidades a seu bel
prazer, no ensino superior a avidez com lucro corre solta.
Quando
vimos a representante da FINEPE falar em falta de transparência e contra o
controle dos aumentos das mensalidades pelos índices do IPCA é de se rir, até
porque o que não existe no setor privado é transparência quanto aos seus
aumentos. As planilhas de custos, instrumento de transparência inserto na lei
9870/99 visa exatamente limitar e coibir que as instituições de ensino privadas
pratiquem preços abusivos. As instituições se ensino negam acesso às planilhas,
o que têm eles a esconder? O que temem? Há anos os aumentos têm sido muito
acima da inflação e sem justificativas plausíveis.
Vale
lembrar que o sistema privado de ensino é um serviço público por excelência
prestado na modalidade de autorização estatal, nos termos do Art. 209 da CF,
com fiscalização direta do Poder Público e por Entidades como a ASPADF e
entidades estudantis que, aliás, nada fazem em prol deles mesmos, será por que?
Por
fim, temos somente que lamentar que o Governo deixou correr solto por tanto
tempo o FIES e só agora, que está em flagrante dificuldade financeira está tentando
controlar a farra dos aumentos, pois é
do bolso dos contribuintes que sai todo esse financiamento. Enquanto isso, no
ensino básico os aumentos continuam abusivos e o governo não está nem aí, deixando
os pais de alunos à sua própria sorte.
Vale
lembrar ainda que a ASPADF está sendo a entidade pioneira no Brasil a dar voz a
pais e alunos e está de olho nos aumentos, tanto das faculdades quanto das
escolas. Prova disso é que já ingressou no MP com reclamações contra faculdades
no DF por suspeita de aumento indevido, infelizmente não tivemos êxito, por
falta de um empenho maior das autoridades. Mas vamos continuar a lutar para que
os investidores na educação privada no Brasil tenham, antes de tudo,
responsabilidade social e não vise somente o lucro, mas uma educação de
qualidade. Parece que nosso sonho de uma educação pública de qualidade,
atrativa a todas as classes sociais está cada vez mais longe!
Luis Claudio Megiorin, Advogado e Presidente a ASPADF
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