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segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

A DIFÍCIL MISSÃO DE JÚLIO GREGÓRIO

A DIFÍCIL MISSÃO DE JÚLIO GREGÓRIO

O Correio Brasiliziliense trouxe hoje uma matéria, de Manoela Alcântara, sobre os desafios do novo Secretário de Educação em meio aos problemas crônicos da Pasta, não solucionados na gestão de Agnelo.

Tivemos a oportunidade de, durante a transição, nos reunirmos por algumas vezes com o Prof. Júlio, primeiro em separado e depois por mais duas vezes e, a última, por ocasião de exposição do relatório situacional da equipe de transição da área da educação, onde tivemos a oportunidade de falar para um auditório repleto de professores, gestores e apoiadores do governo Rollemberg.

Na ocasião, ainda não sabíamos que a escolha do nosso Governador seria por Gregório. Pontuamos em primeiro lugar que, como representantes de pais de alunos,
(E) Megiorin, Dr.Alexandre Veloso e Júlio Gregório
esperávamos ter apenas um secretário de educação por mandato. Ao contrário da gestão passada, em que houve um secretário por ano. Isso sem dúvida foi um dos maiores entraves e erros cometidos. A descontinuidade de gestão afeta diretamente a área mais importante de um governo que é, ou deveria ser, a educação.

Entendemos que a situação caótica que Rollemberg encontrará no GDF e na SEDF é, sem dúvida, emblemática. Isso exigirá de todos nós, cidadãos e da sociedade civil organizada, entender que sem um pacto em torno da educação não será possível resistirmos às intempéries que certamente virão, já no início do ano letivo, e essa foi exatamente a  atenção dada por Júlio Gregório, no período de transição.
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A educação não pode mais comportar indicações partidárias de pessoas que não são reconhecidamente gestoras e, principalmente, com experiência e vivência mínima na área da educação. Nesse ponto, o Rollemberg acertou em cheio. Gregório não é um político e tem muita experiência e, principalmente, vivência na educação do DF.

Os pais de alunos devem estar esperançosos e preparados para apoiarem o novo Secretário. Além disso, o fundamento de nossa esperança deve ser as promessas de campanha de Rodrigo Rollemberg de priorizar a educação em um momento propício em que a sociedade civil organizada está trabalhando, como nunca, para que o Plano Nacional de Educação PNE e o Plano Distrital de Educação PDE sejam implementados para os próximos 10 anos.
Centro de Convenções - Equipe transição - Relatório Educação

Entretanto, sabemos que não bastam verbas para financiar a educação. É preciso, antes, uma gestão eficiente e profissional, para que velhos e persistentes problemas não venham sabotar todo o investimento para que as metas e estratégias do PDE e do PNE sejam efetivadas. Inexoravelmente um dos maiores gargalos está no reconhecimento e elevação do status da profissão mais importante que é a de professor e também na participação efetiva dos pais de alunos no processo educacional.

Enquanto os bons profissionais não forem reconhecidos e valorizados, não teremos uma educação de qualidade. É preciso destacar os professores vocacionados e que dão o sangue pela educação e, a partir daí, começar uma revolução pela educação básica que não pode mais ser tratada como uma questão de governo, mas de Estado.

Enquanto não houver um pacto pela educação básica e esta não for encarada como uma política de Estado e as verbas destinadas à educação não forem fiscalizadas, primeiramente pelos usuários e contribuintes, mantenedores do sistema público de educação, não avançaremos, por mais recursos que aloquemos.

CICLOS E SEMESTRALIDADE

Nos últimos 4 anos não avançamos quase nada na educação básica no DF. Continuamos com uma taxa de evasão escolar alta e boa parte dos estudantes não consegue ser sequer alfabetizada na idade certa. Como já falamos, não é necessariamente um currículo escolar de ensino, se em ciclo ou seriação, que resolverá o problema. Muito menos a semestralidade será a panaceia para a melhoria do ensino médio.

Perdemos muito tempo discutindo se os ciclos e a semestralidade seriam ou não implementados. Mais um grande equívoco da gestão da SEDF: querer fazer quebra de braços com a sociedade civil e o MP, bem no final do governo que acabou sendo reprovado pela vontade esmagadora da população do DF.

Assim, já em 2013, quando estávamos discutindo a questão do novo currículo escolar, que acabou enfraquecendo e destituindo o então secretário Denilson Bento, que levantou a bandeira como se fosse a defesa de sua própria existência, já tínhamos a percepção de que aquele não deveria ser o momento de se empreender tal demanda.

Ora, a implantação de uma política pública tão polêmica como a que foi discutida jamais deveria ter sido sequer tentada àquela altura do governo, quando faltava um pouco mais de um ano para seu término. O Governo foi incauto e a gestão da Pasta mostrou-se equivocada e atrapalhada.

Agora esperamos para ver como o Secretário Gregório lidará com essa questão, visto que não é, de longe, a prioridade de discussão, ao menos para esse primeiro ano de governo.  A nosso ver, pouco importa o currículo utilizado, mas o empenho da comunidade escolar em torno da educação e de um pacto que sobrepuja interesses corporativos ou individuais.

EDUCAÇÃO INTEGRAL

Não basta abrirmos as escolas e dizer: agora o ensino é integral. Escola não é depósito de crianças. Tem que existir uma infraestrutura adequada para que as crianças e adolescentes sejam supervisionados todo o tempo por profissionais com formação adequada e não por monitores sem experiência e formação para tanto.

O ensino integral é, sim, o começo da solução de grandes problemas sociais, como a violência no lar e abuso sexual de crianças. Tirar crianças e adolescentes do meio hostil em que vivem, por boa parte do tempo é, sem dúvida, uma estratégia que dever ser utilizada.

Entretanto, a escola, seja ela pública ou privada, que se propõe a essa empreitada tem que ter condições adequadas para ampliação da permanência do aluno na escola.  Somente a médio e longo prazo poderá ser implantado com segurança, um modelo de escola integral realmente eficiente. Estamos cientes que Rollemberg não incorrerá nos mesmos erros do seu antecessor.

FALTA DE PROFESSORES

Dentre os desafios de Gregório está a administração do possível em uma Pasta tão descoordenada como a da educação atualmente. Em nossos contatos com várias coordenações da SEDF identificamos pessoas muito competentes isoladamente, mas quando a ordem é coordenar e integrar ações, aí ocorrem falhas amadoras.

A parte mais complicada da Pasta é a de Recursos Humanos, que até o momento não tem um diagnóstico transparente de quantos docentes realmente necessitamos ante o número centenas de licenças diárias que acabam deixando milhares de alunos sem aula. Essa situação já foi objeto de conversa entre a ASPA e o Sec. Marcelo Aguiar, sem solução, em que pese a ação do MP/PROCON, de igual modo sem sucesso.

Por fim, apesar de todos os entraves que se avolumaram nos últimos 4 anos na área de educação  no DF, estamos esperançosos e não poderíamos ter outra atitude para com o novo governo que se inicia. Da parte da ASPA, empenharemos nossas ações em ajudar ao novo governo a fazer o controle social dos serviços educacionais e o ajudaremos no que for possível, para que o pacto em torno da educação seja efetivo e que Rollemberg consiga, até o final desse primeiro governo, ao menos, melhorar as condições para que tenhamos, no futuro, uma educação de qualidade atrativa a todas as classes sociais, onde o filho do pobre possa conviver com os filhos de pais com melhores condições financeiras no médio prazo.

Luis Claudio Megiorin - Advogado e Presidente da Aspa, Membro dos Fóruns Nacional e Distrital de Educação e Coordenador da Confenapa- Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos.

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