A DIFÍCIL MISSÃO DE JÚLIO GREGÓRIO
O Correio Brasiliziliense trouxe hoje uma matéria, de Manoela
Alcântara, sobre os desafios do novo Secretário de Educação em meio aos problemas
crônicos da Pasta, não solucionados na gestão de Agnelo.
Tivemos a oportunidade de, durante a transição, nos reunirmos
por algumas vezes com o Prof. Júlio, primeiro em separado e depois por mais duas
vezes e, a última, por ocasião de exposição do relatório situacional da equipe
de transição da área da educação, onde tivemos a oportunidade de falar para um
auditório repleto de professores, gestores e apoiadores do governo Rollemberg.
Na ocasião, ainda não sabíamos que a escolha do nosso
Governador seria por Gregório. Pontuamos em primeiro lugar que, como
representantes de pais de alunos,
esperávamos ter apenas um secretário de educação
por mandato. Ao contrário da gestão passada, em que houve um secretário por ano. Isso sem
dúvida foi um dos maiores entraves e erros cometidos. A descontinuidade de
gestão afeta diretamente a área mais importante de um governo que é, ou deveria
ser, a educação.
(E) Megiorin, Dr.Alexandre Veloso e Júlio Gregório |
Entendemos que a situação caótica que Rollemberg encontrará no
GDF e na SEDF é, sem dúvida, emblemática. Isso exigirá de todos nós, cidadãos
e da sociedade civil organizada, entender que sem um pacto em torno da
educação não será possível resistirmos às intempéries que certamente virão, já
no início do ano letivo, e essa foi exatamente a atenção dada por Júlio Gregório, no período de
transição.
CONTINUE LENDO...
A educação não pode mais comportar indicações partidárias de pessoas
que não são reconhecidamente gestoras e, principalmente, com experiência e vivência
mínima na área da educação. Nesse ponto, o Rollemberg acertou em cheio.
Gregório não é um político e tem muita experiência e, principalmente, vivência
na educação do DF.
Os pais de alunos devem estar esperançosos e preparados para
apoiarem o novo Secretário. Além disso, o fundamento de nossa esperança deve
ser as promessas de campanha de Rodrigo Rollemberg de priorizar a educação em
um momento propício em que a sociedade civil organizada está trabalhando, como
nunca, para que o Plano Nacional de Educação PNE e o Plano Distrital de
Educação PDE sejam implementados para os próximos 10 anos.
Entretanto, sabemos que não bastam verbas para financiar a
educação. É preciso, antes, uma gestão eficiente e profissional, para que velhos
e persistentes problemas não venham sabotar todo o investimento para que as
metas e estratégias do PDE e do PNE sejam efetivadas. Inexoravelmente um dos maiores
gargalos está no reconhecimento e elevação do status da profissão mais
importante que é a de professor e também na participação efetiva dos pais de alunos no processo educacional.
Enquanto os bons profissionais não forem reconhecidos e
valorizados, não teremos uma educação de qualidade. É preciso destacar os
professores vocacionados e que dão o sangue pela educação e, a partir daí,
começar uma revolução pela educação básica que não pode mais ser tratada como
uma questão de governo, mas de Estado.
Enquanto não houver um pacto pela educação básica e esta não
for encarada como uma política de Estado e as verbas destinadas à educação não
forem fiscalizadas, primeiramente pelos usuários e contribuintes, mantenedores do
sistema público de educação, não avançaremos, por mais recursos que aloquemos.
CICLOS E SEMESTRALIDADE
Nos últimos 4 anos não avançamos quase nada na educação
básica no DF. Continuamos com uma taxa de evasão escolar alta e boa parte dos
estudantes não consegue ser sequer alfabetizada na idade certa. Como já
falamos, não é necessariamente um currículo escolar de ensino, se em ciclo ou
seriação, que resolverá o problema. Muito menos a semestralidade será a panaceia
para a melhoria do ensino médio.
Perdemos muito tempo discutindo se os ciclos e a semestralidade
seriam ou não implementados. Mais um grande equívoco da gestão da SEDF: querer
fazer quebra de braços com a sociedade civil e o MP, bem no final do governo
que acabou sendo reprovado pela vontade esmagadora da população do DF.
Assim, já em 2013, quando estávamos discutindo a questão do
novo currículo escolar, que acabou enfraquecendo e destituindo o então
secretário Denilson Bento, que levantou a bandeira como se fosse a defesa de
sua própria existência, já tínhamos a percepção de que aquele não deveria ser o
momento de se empreender tal demanda.
Ora, a implantação de uma política pública tão polêmica como
a que foi discutida jamais deveria ter sido sequer tentada àquela altura do
governo, quando faltava um pouco mais de um ano para seu término. O Governo foi
incauto e a gestão da Pasta mostrou-se equivocada e atrapalhada.
Agora esperamos para ver como o Secretário Gregório lidará
com essa questão, visto que não é, de longe, a prioridade de discussão, ao
menos para esse primeiro ano de governo. A nosso ver, pouco importa o currículo utilizado,
mas o empenho da comunidade escolar em torno da educação e de um pacto que
sobrepuja interesses corporativos ou individuais.
EDUCAÇÃO INTEGRAL
Não basta abrirmos as escolas e dizer: agora o ensino é
integral. Escola não é depósito de crianças. Tem que existir uma infraestrutura
adequada para que as crianças e adolescentes sejam supervisionados todo o tempo
por profissionais com formação adequada e não por monitores sem experiência e
formação para tanto.
O ensino integral é, sim, o começo da solução de grandes problemas
sociais, como a violência no lar e abuso sexual de crianças. Tirar crianças e
adolescentes do meio hostil em que vivem, por boa parte do tempo é, sem dúvida,
uma estratégia que dever ser utilizada.
Entretanto, a escola, seja ela pública ou privada, que se propõe
a essa empreitada tem que ter condições adequadas para ampliação da permanência
do aluno na escola. Somente a médio e
longo prazo poderá ser implantado com segurança, um modelo de escola integral
realmente eficiente. Estamos cientes que Rollemberg não incorrerá nos mesmos
erros do seu antecessor.
FALTA DE PROFESSORES
Dentre os desafios de Gregório está a administração do
possível em uma Pasta tão descoordenada como a da educação atualmente. Em
nossos contatos com várias coordenações da SEDF identificamos pessoas muito
competentes isoladamente, mas quando a ordem é coordenar e integrar ações, aí
ocorrem falhas amadoras.
A parte mais complicada da Pasta é a de Recursos Humanos, que
até o momento não tem um diagnóstico transparente de quantos docentes realmente
necessitamos ante o número centenas de licenças diárias que acabam deixando
milhares de alunos sem aula. Essa situação já foi objeto de conversa entre a
ASPA e o Sec. Marcelo Aguiar, sem solução, em que pese a ação do MP/PROCON, de
igual modo sem sucesso.
Luis Claudio Megiorin - Advogado e Presidente da Aspa, Membro dos Fóruns Nacional e Distrital de Educação e Coordenador da Confenapa- Confederação Nacional das Associações de Pais e Alunos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA A ASPA.
POR GENTILEZA,ENVIE UM E-MAIL PARA: aspadf11@gmail.com PARA FUTUROS CONTATOS.
GRATOS.