IDEB - FIASCO NA ESCOLA PÚBLICA E
NA PRIVADA
O Correio Brasiliense e
o Jornal de Brasília trazem hoje uma análise da situação. Nenhuma novidade
quanto ao fato de que o Brasil não atingiu as metas para o IDEB - Índice do Desenvolvimento da Educação Básica, em 2013 no ensino público e no privado. O pior
de tudo é que não existe escapatória para os pais de alunos (mantenedores dos
dois sistemas de ensino), pois o ensino privado também segue no mesmo diapasão.
Segundo dados do MEC,
as metas somente foram superadas no ensino fundamental I (1º ao 5º ano). Vejamos:
Meta
Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) – 4,9 - nota alcançada: 5,2
Meta
Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) – 4,4
- nota alcançada: 4,2
Meta
Ensino Médio – 3,9 - nota alcançada: 3,7
O problema maior
encontra-se no Ensino Médio, em que as notas do IDEB caíram em 16 redes
públicas estaduais de 2011 para 2013, como no caso do DF. O Ministro da Educação justifica que o ensino
médio tem uma gestão mais complexa, com necessidade de se lidar com mais
professores e uma grade curricular maior, além da questão de formação desses
professores.
Para o professor da Faculdade
de Educação da UnB, Luiz Araújo, o ensino médio vive uma crise existencial,
pois as escolas não sabem se preparam os alunos para a faculdade ou para a
profissão.
Quanto
ao ensino privado, de igual modo, as metas também não foram
alcançadas em nenhum segmento, como se vê dos seguintes índices:
Meta
Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano) – 6,8 - nota alcançada: 6,7
Meta
Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) – 6,5
- nota alcançada: 5,9
Meta
Ensino Médio –6,0 - nota alcançada: 5,4
Interessante lembrar
que, quando interessa ao governo, o ensino privado é bem lembrado, mas em
outras questões ele é esquecido, a exemplo de que as avaliações feitas nas
escolas privadas são por amostragem! Ora, assim os pais que bancam duas vezes
com os custos da educação (pública e
privada) continuam a investir no escuro!
Ante o pífio desempenho
também do setor privado, não tem como ser diferente, pois a escola privada é
reflexo de um ensino público falido. Mesmo assim, registrou um aumento, segundo
o último censo, de matrículas de alunos oriundos da escola pública.
Assim, qualquer coisa é
melhor, mas, no final das contas, os resultados na formação dos alunos não têm,
em grande parte, diferenças substanciais.
No
Distrito Federal, embora tenha apresentado melhora,
ainda está abaixo do ideal. Somente alcançou a meta estabelecida para os anos
iniciais do ensino fundamental (o resultado foi de 5,6 e a meta era de 5,5).
Algumas escolas ajudaram a elevar a média do DF, como o Colégio Militar Dom
Pedro II e o Colégio Militar de Brasília.
O DF, apesar de ser
privilegiado em termos território e de baixo número populacional, o desempenho foi
vexatório, pois amarga a 12ª colocação no ranking entre unidades da federação,
ficando atrás do RJ que pulou da 15ª para a 4ª colocação!
Mas todo esse fraco
desempenho é também reflexo do descompromisso de sucessivos governos com a educação.
Não por acaso tivemos no governo atual 3 secretários de educação em apenas 3 anos.
É a pasta mais volátil e instável. Isso mostra o quanto a questão é complexa na
unidade da federação com o maior número proporcional de privatização do ensino (já
estamos na marca de 40%). São 656 escolas públicas contra 482 particulares.
Para o professor Remi
Castioni, pesquisador da Faculdade de Educação da UnB, o problema maior está no
ensino médio e, para ele, é crônico. Além disso, os anos finais do fundamental
começaram a apresentar os mesmos problemas do ensino médico, pois os alunos
passaram a ter mais conteúdo por disciplina, troca de escola e nesse período a
evasão aumenta. Segundo ele, a escola precisa ser mais atrativa, tanto para o
professor como para o aluno.
Fazendo um paralelo, quando
meus filhos atingem notas baixas, como a alcançada pelo DF (5,6), não fico
feliz e a conversa é dura. Sentamos com eles e diagnosticamos os problemas,
traçamos estratégias e metas para as próximas provas, pois sabemos do potencial
deles. Sempre dá certo. Mas o que não se pode fazer é se conformar com
resultados muito abaixo do esperado.
INVESTIDORES
E RANKINGS
Antes de qualquer
crítica por parte de educadores quanto às avaliações e ranqueamentos que
ruborizam governo e donos de escolas, é bom que se tenha em mente que os investidores,
pais de alunos/contribuintes, são loucos por rankings. Gráficos, diagnósticos,
estratégia e metas nos interessam e muito. Isso é mais que natural e é o óbvio
ululante, pois estamos falando de investimento não só de dinheiro, mas de
sonhos e planos para o futuro de nossos filhos.
Infelizmente, a Prova
Brasil (Saeb) é
feita por amostragem nas escolas privadas e não censitária, como na escola
pública. Isso acende uma luz de alerta para os pais de alunos, pois o fato da
escola ser privada não traz a segurança e a certeza de uma melhor educação.
Isso está provado através desses dados divulgados.
Assim, a imensa maioria
dos pais estão investindo no escuro, sem saber se as escolas reúnem condições
de dar uma educação mínima de qualidade no final do ensino médio. Em
2011 estivemos no INEP para pedir que essa avaliação fosse estendida
censitariamente às escolas privadas, mas jamais recebemos uma resposta.
Nossa tarefa, enquanto
representantes de pais de alunos, é conscientizar a todos que devemos lutar por
uma escola pública de qualidade atrativa a todas as classes sociais, como
ocorre nos países de primeiro mundo. Isso servirá para as gerações futuras,
pois nossos netos ou bisnetos em algumas décadas poderão usufruir de um ensino
sem ter que pagar duas vezes. Um indicativo de que a escola pública melhorou a
qualidade é quando virmos a classe média lá dentro. Foi o que falamos hoje ao Jornal
de Brasília.
Luis Claudio Megiorin,
advogado, presidente da ASPA
Membro dos Fóruns
Nacional e Distrital de Educação
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