Sec. de Educação Marcelo Aguiar e Luis Claudio Megiorin/Créditos Sinpro-DF |
A implementação dos Ciclos e da
Semestralidade na gestão de Marcelo Aguiar promete ser mais criteriosa, pelo
menos é a intenção do novo Secretário da Educação. Segundo o Correio
Braziliense de hoje, ao que tudo indica, Aguiar, muito embora adepto do novo
currículo, não está disposto a implantá-lo a ferro e fogo. Segundo o Jornal, a
disposição da SEDF é de que “se houver reprovação dos métodos adotados no
início deste ano, o chefe da secretaria não descarta recuar.”
Para a ASPA, representante legal
do segmento de pais e alunos das escolas públicas e privadas do DF, a nova
disposição da Pasta é o diálogo. Não escondemos que temos grandes expectativas
em relação a Marcelo Aguiar. Não é pra menos, após toda a celeuma causada na
gestão passada em torno do caso, cautela é recomendada ainda mais nesses tempos
que antecedem o período eleitoral.
Ao longo do ano passado, a ASPA
ouviu muitas reclamações de pais, alunos e professores que denunciavam a falta
de estrutura adequada, já levantada por nós, para a implantação do novo método
de ensino. Pais reclamam, sobretudo da Semestralidade, pois com a falta de
professores muitos alunos ficavam sob a responsabilidade de monitores despreparados
e que tinham tantas dúvidas quanto eles próprios.
Sabemos que Aguiar já entrou
pondo ordem na Casa: abriu novo certame para contratação de 800 professores e
também monitores. Tudo isso demonstra a disposição para enfrentar os graves
problemas subjacentes que podem minar ainda mais a qualidade do ensino no novo currículo.
Sabemos que a Progressão
Continuada – Ciclos é uma tendência. Acabar com repetência e consequente evasão
escolar e com a distorção idade/série são, na verdade, os principais objetivos
e efeitos do novo Currículo. A evasão e repetência têm ruborizado as faces de
muitos governantes ante os índices de avaliação da educação básica nos últimos
anos feita pelo Governo Federal. Já a distorção idade/série é uma realidade
cruel que temos que afastar de imediato, pois não podemos mais conviver com
alunos fora da série ideal para sua idade.
Países como a Inglaterra onde a
educação é ciclada e que tem infraestrutura adequada, o número de alunos por
sala de aula é a principal preocupação. No ensino fundamental não passam de 22
alunos por turma. Os alunos são divididos por nível de cognição. São dois professores
em sala de aula para acompanhamento efetivo e verificação do ritmo de aprendizagem
individual e de cada grupo. Mesmo assim, no sistema Inglês não é incomum observar
alunos com 14 anos de idade com leitura de crianças de 7 e 8 anos. Não existe reprovação em nenhuma série, mas
isso não significa que os alunos cheguem ao final do ensino médio com a
formação adequada capaz de ingressarem em boas universidades ou serem
recrutados para um bom posto de trabalho.
Já na Finlândia, no mesmo
continente, país com a melhor educação do mundo, não existe reprovação
sistemática, mas reprovar é tarefa quase impossível, pois o invejável sistema
finlandês conta com excelentes e valorizados professores e pais com nível de
escolaridade alto, o que aumenta a pressão sobre a qualidade do ensino. Prova
disso é que na Finlândia as crianças vão para a escola, por volta dos 7 anos de
idade, e a grande maioria já foi alfabetizada no lar ou, no mínimo, semialfabetizada.
Uma realidade bem diferente do Reino Unido, onde os pais não têm o mesmo nível
de escolaridade e interesse pela educação.
Na Finlândia, se o aluno vai mal
o problema é da escola e do sistema e não dos pais ou dos alunos. Em último
caso o governo banca aulas particulares para ajudar a nivelar os que estão
precisando de um reforço. Não é pra menos, num país onde a educação é quase que
uma obsessão nacional, até nas raras escolas privadas, cerca menos de 60
unidades ao todo, os pais não pagam mensalidades, pois são subsidiadas pelo
governo.
Como sempre dizemos, com a metade
da população da Finlândia, o DF tem condições, se investir um pouco mais, de
ter uma educação modelo para o país, pois temos os professores mais preparados
do país e uma população pequena com relação ao resto do Brasil. A ASPA entende
que algumas questões são prementes para a
implantação dos ciclos e da semestralidade. A primeira é que a Comunidade
Escolar precisa se sentir segura a partir do momento em que os professores da
rede abraçarem a proposta de forma sincera sem porfias desnecessárias.
Outras condições sem as quais o
sucesso não será garantido:
- DIMINUIÇÃO
DO NÚMERO DE ALUNOS POR SALA DE AULA, conforme deliberação da I CONAE 2010
e Parecer CNE/CEB nº 08/2010 pg. 19 (http://goo.gl/glJNYn).
O parecer está há 3 anos para ser homologado pelo Ministro de Educação.
Número ideal de alunos por sala de aula, segundo o
parecer:
Séries - nº máximo de alunos
- Creche = 13
- Pré-Escola =
22
- Fundamental
anos iniciais 1 ao 5º = 24
- Fundamental
anos finais 6º ao 9º = 30
- Ensino Médio =
30
- CONTRATAÇÃO DE MONITORES HABILITADOS. Para ajudar os alunos do
Ensino Médio no contraturno.
- AMPLIAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DAS ESCOLAS. Para atender alunos do
contraturno.
- ESTABILIZAR O QUADRO DE PROFESSORES. Com a posse dos novos
professores o mais rápido possível.
- DEVER DE CASA. Com orientação aos pais de alunos para acompanhamento
do ritmo de ensino.
- BOLETINS BIMENSTRAIS. Enviados para os pais poderem acompanhar o
desenvolvimento do aluno.
- REUNIÕES BIMESTRAIS. Com pais de alunos a fim de orientá-los e possibilitar
o acompanhamento escolar (com incentivo aos pais para o comparecimento, ex.
ponto na média do estudante).
A cultura da reprovação não deve
ser considerada em si mesma, pois quando um aluno é reprovado tal situação
recai sobre o sistema como um todo. Por outro lado, aprovação automática não
criteriosa é temerária. Nossa luta é no sentido de que nossas crianças e adolescentes
tenham de fato uma educação pública de qualidade atrativa a todas as classes
sociais. Enquanto isso não acontecer é sinal de que ainda não acertamos o passo
na educação.
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