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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CICLOS E SEMESTRALIDADE NA NOVA GESTÃO DA SEDF E AS EXPECTATIVAS DE PAIS E ALUNOS

Sec. de Educação Marcelo Aguiar e Luis Claudio Megiorin/Créditos Sinpro-DF

A implementação dos Ciclos e da Semestralidade na gestão de Marcelo Aguiar promete ser mais criteriosa, pelo menos é a intenção do novo Secretário da Educação. Segundo o Correio Braziliense de hoje, ao que tudo indica, Aguiar, muito embora adepto do novo currículo, não está disposto a implantá-lo a ferro e fogo. Segundo o Jornal, a disposição da SEDF é de que “se houver reprovação dos métodos adotados no início deste ano, o chefe da secretaria não descarta recuar.”

Para a ASPA, representante legal do segmento de pais e alunos das escolas públicas e privadas do DF, a nova disposição da Pasta é o diálogo. Não escondemos que temos grandes expectativas em relação a Marcelo Aguiar. Não é pra menos, após toda a celeuma causada na gestão passada em torno do caso, cautela é recomendada ainda mais nesses tempos que antecedem o período eleitoral.

Ao longo do ano passado, a ASPA ouviu muitas reclamações de pais, alunos e professores que denunciavam a falta de estrutura adequada, já levantada por nós, para a implantação do novo método de ensino. Pais reclamam, sobretudo da Semestralidade, pois com a falta de professores muitos alunos ficavam sob a responsabilidade de monitores despreparados e que tinham tantas dúvidas quanto eles próprios.
Sabemos que Aguiar já entrou pondo ordem na Casa: abriu novo certame para contratação de 800 professores e também monitores. Tudo isso demonstra a disposição para enfrentar os graves problemas subjacentes que podem minar ainda mais a qualidade do ensino no novo currículo.


Sabemos que a Progressão Continuada – Ciclos é uma tendência. Acabar com repetência e consequente evasão escolar e com a distorção idade/série são, na verdade, os principais objetivos e efeitos do novo Currículo. A evasão e repetência têm ruborizado as faces de muitos governantes ante os índices de avaliação da educação básica nos últimos anos feita pelo Governo Federal. Já a distorção idade/série é uma realidade cruel que temos que afastar de imediato, pois não podemos mais conviver com alunos fora da série ideal para sua idade.

Países como a Inglaterra onde a educação é ciclada e que tem infraestrutura adequada, o número de alunos por sala de aula é a principal preocupação. No ensino fundamental não passam de 22 alunos por turma. Os alunos são divididos por nível de cognição. São dois professores em sala de aula para acompanhamento efetivo e verificação do ritmo de aprendizagem individual e de cada grupo. Mesmo assim, no sistema Inglês não é incomum observar alunos com 14 anos de idade com leitura de crianças de 7 e 8 anos.  Não existe reprovação em nenhuma série, mas isso não significa que os alunos cheguem ao final do ensino médio com a formação adequada capaz de ingressarem em boas universidades ou serem recrutados para um bom posto de trabalho.

Já na Finlândia, no mesmo continente, país com a melhor educação do mundo, não existe reprovação sistemática, mas reprovar é tarefa quase impossível, pois o invejável sistema finlandês conta com excelentes e valorizados professores e pais com nível de escolaridade alto, o que aumenta a pressão sobre a qualidade do ensino. Prova disso é que na Finlândia as crianças vão para a escola, por volta dos 7 anos de idade, e a grande maioria já foi alfabetizada no lar ou, no mínimo, semialfabetizada. Uma realidade bem diferente do Reino Unido, onde os pais não têm o mesmo nível de escolaridade e interesse pela educação.

Na Finlândia, se o aluno vai mal o problema é da escola e do sistema e não dos pais ou dos alunos. Em último caso o governo banca aulas particulares para ajudar a nivelar os que estão precisando de um reforço. Não é pra menos, num país onde a educação é quase que uma obsessão nacional, até nas raras escolas privadas, cerca menos de 60 unidades ao todo, os pais não pagam mensalidades, pois são subsidiadas pelo governo.

Como sempre dizemos, com a metade da população da Finlândia, o DF tem condições, se investir um pouco mais, de ter uma educação modelo para o país, pois temos os professores mais preparados do país e uma população pequena com relação ao resto do Brasil. A ASPA entende que algumas questões são prementes para a implantação dos ciclos e da semestralidade. A primeira é que a Comunidade Escolar precisa se sentir segura a partir do momento em que os professores da rede abraçarem a proposta de forma sincera sem porfias desnecessárias.

Outras condições sem as quais o sucesso não será garantido:

- DIMINUIÇÃO DO NÚMERO DE ALUNOS POR SALA DE AULA, conforme deliberação da I CONAE 2010 e Parecer CNE/CEB nº 08/2010 pg. 19 (http://goo.gl/glJNYn). O parecer está há 3 anos para ser homologado pelo Ministro de Educação.
Número ideal de alunos por sala de aula, segundo o parecer:
Séries -  nº máximo de alunos

- Creche = 13
- Pré-Escola = 22                         
- Fundamental  anos iniciais 1 ao 5º = 24
- Fundamental  anos finais  6º ao 9º = 30
- Ensino Médio = 30

- CONTRATAÇÃO DE MONITORES HABILITADOS. Para ajudar os alunos do Ensino Médio no contraturno.

- AMPLIAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DAS ESCOLAS. Para atender alunos do contraturno.

- ESTABILIZAR O QUADRO DE PROFESSORES. Com a posse dos novos professores o mais rápido possível.

- DEVER DE CASA. Com orientação aos pais de alunos para acompanhamento do ritmo de ensino.

- BOLETINS BIMENSTRAIS. Enviados para os pais poderem acompanhar o desenvolvimento do aluno.

- REUNIÕES BIMESTRAIS. Com pais de alunos a fim de orientá-los e possibilitar o acompanhamento escolar (com incentivo aos pais para o comparecimento, ex. ponto na média do estudante).

A cultura da reprovação não deve ser considerada em si mesma, pois quando um aluno é reprovado tal situação recai sobre o sistema como um todo. Por outro lado, aprovação automática não criteriosa é temerária. Nossa luta é no sentido de que nossas crianças e adolescentes tenham de fato uma educação pública de qualidade atrativa a todas as classes sociais. Enquanto isso não acontecer é sinal de que ainda não acertamos o passo na educação.

Luis Claudio Megiorin – Presidente da Aspa-DF e Membro do Fórum Distrital e do Nacional de Educação.

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