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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

ALTA EVASÃO NO ENSINO MÉDIO - O QUE OS PAIS PODEM FAZER?

 ALTA EVASÃO NO ENSINO MÉDIO
                                                O QUE OS PAIS PODEM FAZER?

Segundo dados levantados pela Codeplan, o DF tem a maior taxa de evasão no ensino médio, cerca de 23%, que é quase o dobro da média nacional, 13%, segundo o INEP.
A evasão escolar no ensino médio é um problema não só do Brasil, mas também em países de primeiro mundo. Evidentemente, o incômodo causado nos índices estatísticos dos países desenvolvidos deve ser analisado de acordo com suas realidades.

Sendo assim, índices que incomodam, por exemplo, os EUA, Reino Unido e Finlândia, são menores que os nossos por uma série de características diferentes, tais como: sócio- econômica, infraestrutura para o ensino e o nível de acompanhamento e exigência dos pais de alunos, principalmente aqueles com maior nível de escolaridade, como os finlandeses.

A evasão no ensino médio dos Estados Unidos (high school dropout) levou o Barac Obama em 2009 endereçar um discurso patriótico aos alunos de uma escola de ensino médio (Wakefield High School in Arlington): abandonar a escola não é patriótico! "If you quit on school, you're not just quitting on yourself, you're quitting on your country". Se você desistir da escola você não está desistindo de você mesmo, mas de seu país!
O discurso de Obama teve forte apelo para adolescentes norte-americanos, os quais têm um senso patriótico muito forte, mas aqui no país do futebol, talvez não fosse um discurso que chamasse a mínima atenção, a menos se ouvido em época de Copa do mundo! Certamente, a tentativa de Obama melhorar o fraquíssimo desempenho da educação básica em seu País, em claro contraste com a qualidade da educação superior, deverá ir muito além de meras frases de efeito.

No Reino Unido, que amarga há algum tempo a pior taxa de desistência no ensino médio entre os países desenvolvidos, a evasão é maior que da Estônia, Grécia e Eslovênia, segundo dados da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O estudo mostra que cada vez mais adolescentes de 15 a 19 anos estão sem ocupação e estudo. Somente a Turquia, México e Brasil estão em situação pior.


Segundo a OCDE, no Reino Unido quase 10% dos adolescentes estão sem emprego e sem escola. A média entre os países membros da OCDE é de 8%. Lembramos que a média nacional brasileira no ensino médio de evasão é de 13% e a do DF é de cerca de 23%. Detalhe: o sistema de ensino desses países é o da Progressão Continuada, não há reprovação em nenhuma etapa.

Apesar de todo o investimento pesado feito na educação em países de primeiro mundo, eles encaram essa dura e cruel realidade, a evasão escolar prematura, antes mesmo da conclusão do ensino secundário. Mas quais seriam os problemas que levam os jovens a evadirem-se da escola? Seriam esses problemas muito diferentes dos que os alunos brasilienses enfrentam?

A evasão nessa fase cria um problema social e econômico para qualquer país, pois esses indivíduos que não tiveram uma formação e preparação para o mercado do trabalho tendem a ficar à margem da sociedade economicamente ativa e depender eternamente de subsídios de programas governamentais de distribuição de renda.

A nosso ver, um dos aspectos mais importantes que contribui para a evasão escolar é a falta de envolvimento e comprometimento com o desenvolvimento educacional por parte dos pais dos alunos. Boa parte dos pais jamais vai à escola ou conversam com os professores sobre o desempenho de seus filhos. Muitos pais abandonam prematuramente seus filhos após o 5º ano. Essa etapa talvez seja a que mais os futuros adolescentes precisarão de apoio.

Não basta termos uma escola com boa infraestrutura e bons professores se abandonarmos nosso filho à sua própria sorte. O envolvimento, a cobrança e o interesse dos pais são fundamentais na melhoria da qualidade da educação. Já está provado que quanto maior for o interesse dos pais e o acompanhamento no dia a dia do aluno na escola, melhores são os resultados.

Se compararmos os pais norte-americanos, britânicos com os finlandeses, notamos que existe um distanciamento abissal e os resultados disso refletem-se nos números. Um dos motivos pelos quais a educação finlandesa é uma das melhores do mundo deve-se ao fato de que os alunos finlandeses têm os pais mais presentes e com nível de escolaridade melhor que os alunos dos outros países do primeiro mundo.

Quanto à nossa realidade, a educação no DF patina. Temos acesso, mas a permanência é incerta e desestimulada, quer pela baixa qualidade do ensino e infraestrutura precária, quer pelo desalento e a falta de perspectiva de absorção da massa de adolescentes pelo mercado de trabalho. Essa realidade é global, mas deve ser combatida em nosso país. Afinal, estamos em desenvolvimento. Toda nossa capacidade laboral ainda não foi utilizada.

Luis Claudio Megiorin, Advogado, Presidente da AspaDF, Coordenador da CONFENAPA, Membro dos Fóruns Distrital e Nacional de Educação e do Conselho do Fundeb.

Artigo publicado em 04/10/2013 no Jornal do Brasil Online http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2013/10/04/a-evasao-no-ensino-medio/?fb_action_ids=646784672020401&fb_action_types=og.recommends&fb_source=aggregation&fb_aggregation_id=288381481237582

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