30/04/201206h01
Gestores criticam falta de planejamento no programa federal de bolsas de estudo no exterior
Karina Yamamoto
Do UOL, no Rio de Janeiro
As administrações das universidades federais estão de língua para fora – ainda nem completaram o processo de ampliação dos campi e aumento do número de vagas proposto pelo Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), elas foram convocadas a iniciar um processo de internacionalização para o qual não se sentiam preparadas. Na marra, conforme apurou o UOL.
O envio de estudantes da graduação para o exterior tem acontecido por meio do programa Ciência sem Fronteiras, apresentado em junho de 2011. Ele é um tremendo desafio para as instituições federais, cujos índices de internacionalização não têm registros precisos e cuja cultura de intercâmbio ainda é frágil.
Segundo alguns gestores ouvidos pelo UOL, o principal questionamento é em relação à capacidade de resposta das universidades a essa demanda. Essa tal capacidade de resposta seria em termos de recursos humanos e de infraestrutura, técnicos e professores habilitados e em quantidade para cuidar da seleção e encaminhamento dos graduandos e laboratórios, salas e estrutura para recebê-los na volta.
Para eles, falta clareza em pontos essenciais: com que países o Brasil quer estreitar laços, de que maneira será medido o sucesso do programa e com que diretrizes as instituições brasileiras vão elaborar seus programas para receber esses intercambistas na volta, melhorando a qualidade do ensino.
É unanimidade, no entanto, que o programa de bolsas proposto pelo governo federal é uma idéia excelente e tem inúmeras qualidades.
Sem rumo
Em primeiro lugar, o curto espaço de tempo entre a proposição do programa e o envio da primeira leva de estudantes – a primeira versão do programa foi apresentada em junho de 2011 e em janeiro deste ano partia a primeira turma – não possibilitou planejamento estratégico por parte das universidades para a internacionalização por meio desse programa.
Segundo Ana Flávia Barros, chefe da assessoria internacional da UnB (Universidade de Brasília), o programa foi implantado “sem nenhum [planejamento do] tipo de monitoramento ou avaliação das instituições ou do governo brasileiro”.
Na opinião dela, as universidades precisam apressar as discussões para que o programa seja efetivo e contribua, de fato, para a melhoria das instituições brasileiras.
Há, na visão de Ana Flávia, algumas perguntas básicas a serem respondidas como quais seriam os países com que desejamos formar alianças, em que áreas do conhecimento os esforços se concentrarão e, também, qual seria a melhor estratégia no momento de definir as instituições para onde serão enviados os estudantes – seria melhor fortalecer parcerias já existentes ou abrir novas frentes?
Segundo a assessoria de imprensa do MEC (Ministério da Educação), o envio de estudantes ao exterior começou nos anos 1950 e as graduações apelidadas de “sanduíche”, em 1998 – são chamadas de sanduíche porque o estudante começa o curso no Brasil, vai a instituições estrangeiras e retorna para concluir a formação aqui. Ou seja, a internacionalização é um processo consolidados nas instituições, na visão da pasta.
Por meio de nota, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) afirma que as áreas prioritárias para a pasta são as ciências exatas e a medicina.
Falta de preparo
O conhecimento de uma língua estrangeira, requisito essencial para que o estudante consiga uma bolsa do programa, é um dos principais gargalos do programa. Na opinião dos gestores, a exigência elitiza a seleção uma vez que a segunda língua, em geral, é privilégio de alunos com melhores condições financeiras.
Para Luciana Nóbrega, coordenadora do campus de Três Rios da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), a internacionalização está fazendo um percurso inverso ao proposto pelo Reuni e pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
A ampliação de vagas e a transformação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em vestibular foram medidas que democratizaram o ingresso à universidade pública federal – segundo ela, permitindo que estudantes mais pobres alcançassem o ensino superior gratuito.
Já a implantação do programa de internacionalização sem a previsão do ensino de idiomas por parte das universidades cria uma nova distância entre ricos e pobres nessas instituições.
Com relação ao conhecimento de inglês, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) afirmou, por meio de nota, acreditar que o programa Ciência sem Fronteiras seja “um estímulo para que os estudantes adquiram proficiência em outras línguas”. Na visão dele, as críticas são bem-vindas para o aprimoramento da política.
NOSSOS COMENTÁRIOS: Se é verdade os fatos narrados na reportagem é, simplesmente inacreditável a falta de competência dos gestores de políticas públicas educacionais. Chega ser hilário pra falar menos. Querem mandar nossos futuros cientistas para fora do País, mas não sabem pra fazer o que, nem pra onde, pois ignoraram, entre outras coisas, o pré-requisito básico, que é o conhecimento de língua estrangeira! Talvez a ignorância veio por causa do nome do programa: CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS. A falta de fronteira não pressupõe a extensão da nossa língua pátria! Certamente, uma oportunidade que nossos cotistas demorarão anos para usufruir. Põe gargalo nisso!
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